Rui Corrêa d' Oliveira
10 de Fevereiro de 2009
«Lembra-Te de que a minha vida é um sopro,
e os meus olhos não voltarão a ver a felicidade».
Este grito de lamento que Job dirige a Deus
parece descrever com realismo a atitude de um homem desesperado.
Não houve desgraça que não lhe acontecesse,
enchendo a sua vida de dor e sofrimento.
Ainda que boa parte do seu livro
seja a narração das inúmeras fatalidades de que foi feita a sua história,
dela retiro duas grandes lições:
- a sua corajosa aceitação do real
- e a esperança nunca perdida por mais longa que se trnasse a espera
Cada novo drama que se apresenta, cada provação,
é para Job uma nova circunstância,
que ele enfrenta e vive sem lhes fugir.
Pelo contrário, faz o que o homem crente pode fazer:
pedir socorro, suplicar o auxílio do Deus omnipotente.
A postura de Job perante a vida
é um extraordinário testemunho de Esperança,
pois mesmo no auge do desânimo
é para o seu Deus que ele volta o coração e clama: «lembra-Te de mim!»
Quem espera não despera,
se espera com a certeza alimentada na Esperança.
Não fica imune ao cansaço e ao desânimo,
mas vive da certeza de que a dor, o sofrimento ou a injustiça
não têm a última palavra.
Também eu tenho os meus dias de Job,
também eu tenho as minhas esperas que parecem não ter fim,
mas peço ao mesmo Deus de Job, que é o meu,
que me ensine a viver a realidade como ele viveu
e a esperar como ele esperou,
até ao dia em que a Esperança se há-de cumprir.