sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Para pecado público, confissão pública


Haverá desgraça maior do que quando se celebram os Santíssimos Mistérios do Sacrifício do Senhor desfeá-los e profaná-los pecando sacrilegamente contra os mesmos? É possível que quem foi consagrado para agir na Pessoa do próprio Cristo actue seguindo o Maligno, ultrajando o que de mais Sagrado há no mundo universo? Infelizmente, e digo-o com profundíssima amargura e vergonha máxima, é. Acabou de acontecer vai para mais de uma hora. Este iníquo e vilíssimo homem que sou fez exactamente o contrário do que vem pregando com tanta convicção e veemência. Dei a Sagrada Comunhão a um pecador público, um político daqueles que dissentem do Magistério da Igreja em questões relativas à vida humana. É certo que fui apanhado desprevenido - quando reparei já a minha mão se encaminhava para a sua boca. Mas devia ter tido a presença de espírito necessária para retraí-la e explicar, não que ele não o saiba já, que estava impedido de lhe dar a Sagrada Comunhão – o seu acto, aliás, parece-me agora uma provocação, uma vez que ele conhece muito bem a minha posição, mas não faço juzos de intenção, poderá não me ter reconhecido. De qualquer maneira isto significa evidentemente que preciso de uma grande conversão. Vejam bem se não mereço o nome de hipócrita e que me atirem à cara: “bem prega frei Tomás; façam o que ele diz mas não façam o que ele faz”. Desprezo, repugnância e desdém é só o que mereço. E, no entanto, Deus, na Sua infinita Misericórdia, teve compaixão de mim pecador cretino e insensato, proporcionando-me a oportunidade de logo me confessar, na sacristia, recebendo o Seu perdão. Nunca se esqueçam que este pobre sacerdote pecador não tem a autoridade do inocente, mas somente a do penitente. E que o que vem de mim mesmo deve ser votado à depreciação e ao escárnio, devendo tão só ser acolhido aquilo que não tem origem neste miserabilíssimo estafermo mas na Verdade que o Magistério da Igreja ensina para nossa Salvação. Suplico e imploro com quanta força posso que todos os que venham a conhecimento deste sacrilégio por mim cometido me concedam a esmola das suas orações. À honra de Cristo. Ámen.

Nuno Serras Pereira

13. 11. 2009