(Nota de Logos: Se não conseguir abrir algum link ao clicar, copie o mesmo e cole-o no browser)
Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul-1 da 
CNBB
SUMÁRIO
- Apresentação.
- Objetivos 
deste documento.
1.  Introdução.
2.  As 
três estratégias da Cultura da Morte.
-   A 
primeira estratégia: os serviços de planejamento familiar e a legalização do 
aborto.
- A 
segunda estratégia: os direitos sexuais e 
reprodutivos.
-  A 
terceira estratégia: a redução de danos e os serviços de aborto 
seguro.
3.  O 
papel das grandes fundações.
4.   A 
nova política do governo brasileiro para implantar o aborto no 
país.
5.  As 
origens da nova política.
6. O 
protocolo de atenção pós-aborto.
7.  As 
Iniciativas Sanitárias no Uruguai.
8. O 
Consórcio Internacional para a Contracepção de 
Emergência.
9. O 
Consórcio Internacional para o Aborto 
Médico.
10. A 
promoção 
do aborto no segundo trimestre.
11.  A 
pressão internacional para que o governo 
brasileiro
permita o livre acesso aos medicamentos 
abortivos.
12.    A 
Organização Mundial da Saúde coloca os abortivos na lista de medicamentos 
essenciais.
13.  O 
Instituto Bill e Melinda Gates de População e Saúde 
Reprodutiva.
14. O 
governo brasileiro inicia a ofensiva 
internacional.
15.  Conclusão.
MAIO DE 2012, A NOVA ESTRATÉGIA MUNDIAL DA CULTURA DA 
MORTE
APRESENTAÇÃO.
O 
governo brasileiro está na iminência de iniciar uma nova política para promover 
o aborto no país. No 
entanto, as novas medidas que estão sendo anunciadas são apenas o ponto de 
partida de um golpe contra a vida humana, que começou a ser planejado, há 
cerca 
de dez anos, para desencadear, de 
um modo fulminante e simultâneo, o 
estabelecimento da Cultura da Morte em toda a América 
Latina.
O 
objetivo deste documento é mostrar como, neste ano de 2012, a Cultura da Morte 
pretende desencadear, internacionalmente, 
sua nova estratégia para promover o aborto.
A 
promoção do aborto é um atentado criminoso contra o mais fundamental dos 
direitos humanos. Promover 
o aborto é promover o homicídio de vidas inocentes. Pela preservação da 
democracia, estude 
e divulgue este documento.
24 de agosto de 2012
OBJETIVOS DESTE 
DOCUMENTO.
A 
implantação mundial do aborto segue uma agenda inaugurada em 1952, quando o 
mega-bilionário John Rockefeller III fundou, em Nova York, o 
Conselho 
Populacional, com 
a finalidade de implementar políticas internacionais de controle de crescimento 
populacional, hoje não apenas ainda em vigor, como também mais ativas do que 
naquela época.
Mas, 
ao mesmo tempo, mais do que apenas o controle demográfico, estas políticas 
representam o início da instalação de uma nova ditadura mundial que terá como 
base a destruição da distinção entre direitos humanos e legislação positiva. 
Isto é o que se chama, comumente, de Cultura da 
Morte.
Um 
dos princípios básicos da democracia moderna 
está no reconhecimento da diferença essencial entre os direitos humanos e a 
legislação positiva, inclusive a legislação constitucional. Uma vez que esta 
diferença seja abolida, estarão instalados os princípios de um estado 
totalitário, que não reconhece 
a existência de direitos humanos anteriores à própria constituição do Estado, 
direitos que o Estado pode modificar e impor, segundo seu próprio arbítrio. A 
democracia somente pode ser florescer onde os direitos humanos sejam 
reconhecidos como tais por si 
mesmos, onde não sejam uma concessão do governo, um resultado do consenso dos 
legisladores, ou o fruto de uma decisão popular tomada em plebiscito. A 
implantação do aborto não significa apenas um avanço no controle do crescimento 
populacional, mas também o 
passo mais decisivo para a transformação gradual dos direitos humanos em 
legislação positiva. O efeito de uma legislação deste tipo, que está sendo 
introduzida de caso pensado, será que outras mais terão que ser sucessivamente 
criadas para justificar os erros 
das anteriores. Com isto, porém, estará virtualmente instalada a destruição do 
ideal democrático e, pelo caráter internacional da agenda que a impulsiona, 
inaugurada uma forma inteiramente nova de ditadura 
global.
Os 
autores da 
Cultura da Morte traçaram sua primeira grande estratégia em 1952, 
por 
ocasião da fundação do Conselho Populacional, em Nova York, por iniciativa de 
John Rockefeller III. A estratégia consistiu essencialmente na disponibilização, 
em escala mundial, dos serviços 
de planejamento familiar e da legalização do 
aborto.
A 
segunda estratégia iniciou-se em 1990 quando 
a Fundação Ford criou, naquele ano, a política mundial dos direitos sexuais e 
reprodutivos.
A 
terceira estratégia foi 
planejada, durante pelo menos uma década, para 
produzir um resultado fulminante e simultâneo em todos os países 
que, 
não obstante a primeira e a segunda estratégias, atualmente 
continuam 
a recusar-se em aceitar a implantação da Cultura da Morte. 
A 
nova 
estratégia consiste essencialmente em uma falsa política de redução de danos e 
na implementação, dentro dos serviços já existentes de planejamento familiar, de 
novos serviços de aborto seguro, seguindo o mesmo esquema pelo qual os seus 
idealizadores implantaram, 
na última década do século XX, em todo o mundo, a contracepção de 
emergência.
A descrição da origem, da evolução e do modo como se pretende 
instalar esta terceira estratégia no Brasil e na América Latina é o principal 
objeto deste documento.
O 
governo 
brasileiro é, no momento, um dos principais atores desta infame agenda imposta 
desde o estrangeiro a todo o nosso continente. O povo brasileiro é maciçamente 
contrário ao aborto. Os níveis de rejeição ao aborto no Brasil são altíssimos e 
crescem ano após 
ano. Os dados do Ministério da Saúde sugerem também que a própria prática do 
aborto tem diminuído, nos últimos cinco anos, a taxas da ordem de 12% ao ano, a 
cada ano. Apesar deste quadro, que o Brasil compartilha com vários outros países 
da América Espanhola, 
nosso atual governo aparelhou vergonhosamente toda a estrutura pública para 
promover o aborto como em nenhum outro país da América 
Latina.
Contrariando 
as promessas de governo da atual presidente Dilma Rousseff que, para poder 
eleger-se em 2010, teve 
que prometer, por escrito, que nada faria para promover o aborto no país, 
o 
governo brasileiro anunciou, em junho de 2012, uma série de medidas que, sob a 
falsa aparência de uma política de redução de danos, inaugurarão de fato uma 
nova política para promover 
o aborto no Brasil. Segundo as novas medidas, apresentadas como se fossem de 
origem nacional, o governo não 
considera crime orientar uma mulher sobre como praticar o aborto 
e 
está preparando um programa pelo qual o Sistema 
de Saúde Brasileiro passará 
a orientar as mulheres sobre 
como usar corretamente os métodos existentes para abortar. 
Além 
disso, o Ministério da Saúde está também preparando uma cartilha 
para 
orientar as mulheres que desejam abortar 
e 
uma nova Norma Técnica que servirá de base para 
um programa de aconselhamento para mulheres que enfrentam uma gravidez 
indesejada. Finalmente, o Ministério também está considerando liberar a venda de 
remédios abortivos para o público. Todas estas medidas serão tomadas 
independentemente do fato de que a 
lei estabeleça ou não que a prática do aborto seja um 
crime.
Logo 
após o anúncio de tais medidas, os grupos que trabalham em defesa da vida no 
Brasil denunciaram que a origem da nova política estava claramente documentada 
no Diário Oficial da União. O periódico 
governamental registrava que o Ministério da Saúde havia assinado, com a 
Fundação Oswaldo Cruz, uma seqüência de cinco contratos, praticamente idênticos, 
datados de dezembro de 2009, outubro de 2010, dezembro de 2010, dezembro de 2011 
e janeiro de 2012, 
para formar grupos de estudo sobre o aborto no Brasil. O primeiro dos contratos 
da série menciona explicitamente que a finalidade do trabalho seria 
planejar 
a legalização do aborto no Brasil. No 
final de 2011, o Diário Oficial da União também mencionava 
diversas 
viagens de funcionários do Ministério da Saúde ao exterior 
para 
participar de reuniões sobre estratégias e processos 
em
andamento 
para permitir o acesso da população a medicamentos abortivos. O anúncio, em 
junho de 2012, 
da nova política para o aborto do governo brasileiro, não seria nada mais do que 
o resultado planejado destes contratos e destas 
viagens.
A 
reação não 
tardou a esperar. No final de junho de 2012 vinte e sete deputados federais 
protocolaram os requerimentos RIC 2380/12 e RIC 2381/12, endereçados ao 
Ministério da Saúde do Brasil, solicitando a apresentação de toda a documentação 
pertinente e das cópias completas 
dos cinco contratos assinados pelo ministério, além dos relatórios de trabalho 
das viagens empreendidas. O teor dos requerimentos pode ser lido nos seguintes 
endereços do Congresso Nacional:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=549778
Segundo 
informações do Congresso Nacional, a documentação solicitada somente foi 
apresentada à Câmara na quarta feira, dia 22 de agosto. O prazo de 30 dias, 
estabelecido por lei para o cumprimento da requisição, sob pena de crime de 
responsabilidade, havia-se 
esgotado doze dias antes, no dia 10 de agosto, sem que o Ministério houvesse 
encaminhado qualquer satisfação aos parlamentares. Até o momento em que este 
texto estava sendo redigido, não havia informações disponíveis sobre o teor da 
documentação.
Mas, 
enquanto isto, em todo o continente, vários grupos em defesa da vida, que se 
dedicam ao estudo destas questões, rastrearam a verdadeira origem desta 
política. Os dados mostram que a nova iniciativa do Ministério da Saúde 
brasileiro não se iniciou em 2009, 
nem partiu de brasileiros. Tratava-se apenas do ponto de partida visível para 
desencadear uma nova estratégia, muito mais ampla e ambiciosa, para a promoção 
do aborto em todo o continente. Os dados estão, no momento, circulando entre os 
grupos que trabalham 
em defesa da vida. A história parece iniciar-se em 2002, e trata-se, ao que tudo 
indica, do início da terceira grande estratégia para implantar a Cultura da 
Morte a nível internacional, idealizada, 
desta vez, principalmente para os países que resistem crescentemente 
à implantação do aborto, em particular na América 
Latina.
A questão é 
gravíssima.
Pela 
preservação da democracia, estude com atenção este documento. Divulgue-o para 
todos os seus conhecidos.
Para 
facilitar impressão, 
estudo e envio pela internet, uma cópia deste documento pode ser encontrado, em 
arquivo pdf, neste endereço:
http://www.documentosepesquisas.com/maio2012.pdf
A 
promoção do aborto é um atentado 
criminoso contra o mais fundamental dos direitos humanos. Promover o aborto é 
promover o homicídio de vidas 
inocentes.
Como 
ficará visível neste texto, o problema transcende as fronteiras individuais dos 
países e faz parte de um plano pesadamente financiado 
por organizações internacionais que investem na promoção do aborto em todo o 
mundo. Agora, mais do que nunca, estamos todos juntos, no mesmo 
barco.
1. 
APRESENTAÇÃO.
Em 
junho de 2012 o Ministério da Saúde anunciou que estava estudando 
a possibilidade de introduzir no Brasil serviços de aconselhamento às gestantes 
que tencionam abortar, ensinando-as a praticar o aborto de modo seguro. Uma 
norma técnica estaria sendo redigida para orientar o Sistema de Saúde a prestar 
este tipo de assistência 
às mulheres, a venda de medicamentos abortivos seria liberada nas farmácias e 
uma cartilha seria distribuída à população mostrando como praticar o 
aborto.
O 
presente documento, apoiado em diversas referências, 
contextualiza o alcance destas afirmações do Ministério da Saúde do Brasil em 
uma perspectiva histórica e internacional.
Para 
os que não dominam completamente o assunto, recomenda-se a leitura integral do 
Relatório Reece, da Estratégia Ford de Direitos 
Reprodutivos de 1990 e do Relatório de Trabalho da Fundação MacArthur no Brasil, 
que podem ser encontrados nestes endereços:
Relatório 
Reece, resumo em português: 
http://www.documentosepesquisas.com/relatorioreece.pdf
Estratégia 
Ford de Direitos Reprodutivos de 1990, resumo em 
português: 
http://www.votopelavida.com/fundacaoford1990.pdf
Estratégia 
Ford de Direitos Reprodutivos 
de 1990, original em inglês: 
http://www.votopelavida.com/fordfoundation1990.pdf
Lessons 
Learned - o Relatório de trabalho da FundaçãoMacArthur no 
Brasil: 
http://www.votopelavida.com/macarthurlessonslearned.pdf
Os demais documentos citados ao longo do texto poderão ser lidos 
conforme a necessidade de aprofundamento do tema 
desenvolvido.
2. AS TRÊS ESTRATÉGIAS DA CULTURA DA 
MORTE.
Tudo indica que estamos na iminência da inauguração de uma terceira 
estratégia global para a implantação do aborto e da Cultura da 
Morte.
A primeira estratégia vigorou desde 1952 até 
1990.
A 
segunda estratégia, 
ainda que em preparação desde meados dos anos 70, foi inaugurada em 1990 e 
continua em execução nos países em que o aborto já é 
legalizado.
A 
terceira estratégia, preparada desde 2002, pretende ter-se inaugurado, a nível 
mundial, em maio de 2012, e deverá ser implementada nos países que estão se 
recusando a dobrar diante da Cultura da Morte.
(A) 
A 
primeira estratégia: os serviços de planejamento familiar e a legalização do 
aborto.
A 
primeira estratégia 
foi desenhada em 1952 quando John Rockefeller III fundou o 
Population 
Council, a 
organização que, em conjunto com a Fundação Ford, com a qual o 
Population 
Council se 
associou logo em seguida, coordenou até 1990 o movimento de contenção do 
crescimento 
demográfico no mundo.
A estratégia consistia em três etapas, cada uma das quais durou 
pouco menos de uma
década.
A 
primeira etapa promoveu o estabelecimento de uma rede mundial de especialistas e 
centros de estudos de demografia, que pudesse dar apoio 
às fases seguintes. George Martine, presidente da Associação Brasileira de 
Estudos Populacionais, em um extenso documento intitulado 
"O 
papel dos organismos internacionais na evolução dos estudos populacionais no 
Brasil", relata, 
na qualidade de testemunha 
ocular, o efeito que os recursos das organizações Rockefeller tiveram no 
redirecionamento dos estudos demográficos do país a partir dos anos 50. O mesmo 
fenômeno ocorria simultaneamente, pelas mesmas causas, em vários outros países 
considerados como estrategicamente 
relevantes, nos cinco continentes:
"Na 
década de 50 imediatamente começaram a surgir recursos, fundações, institutos e 
organismos internacionais, cada qual à sua maneira, a combater a ameaça do 
rápido crescimento demográfico. O caudal dos que 
promoviam o controle populacional foi sendo engrossado por gente poderosa como 
John D. Rockefeller, o que acabou gerando uma cruzada mundial a favor da redução 
da fecundidade. Foram inventados e apresentados, ad nauseam, vários modelinhos 
destinados demonstrar 
ao mundo a desgraça que ocorreria se os países pobres não conseguissem reduzir 
rapidamente o seu crescimento. Embora tenham aparecido, imediatamente, sólidos 
argumentos econômicos que relativizavam as ameaças preconizadas, esta segunda 
linha de argumentação 
nunca conseguiu neutralizar a simplicidade atraente da tese controlista. Isto 
estimulou uma expansão muito rápida de demografia. Ao longo das últimas décadas 
foram disponibilizados muito mais recursos fáceis para trabalhar questões de 
população do que 
para analisar outros temas sociais igualmente importantes como nutrição, 
delinqüência, marginalidade, analfabetismo e outros. [...] Adicionalmente 
Rockefeller forneceu recursos para a área de biologia reprodutiva no Brasil, 
cujos principais beneficiários 
foram o Cemicamp, cuja figura central era Aníbal Faúndes, e a Universidade 
Federal da Bahia, no centro coordenado por Elsimar 
Coutinho".
A segunda etapa promoveu o estabelecimento de programas de 
planejamento familiar nos países de terceiro mundo, principalmente na Ásia e na 
África.
A 
terceira etapa consistiu em um lobby junto ao governo federal dos Estados Unidos 
para que este reconhecesse 
o problema populacional mundial como questão de segurança interna dos Estados 
Unidos. Os programas de planejamento familiar, a esta altura já implantados em 
grande parte dos países do terceiro mundo, serviriam de vitrine para fundamentar 
as exigências apresentadas 
ao governo americano. Esta terceira etapa, logo em seguida, estendeu-se à 
cooptação da ONU para que esta reconhecesse a necessidade de conter a explosão 
populacional, o que
começou 
a suceder de fato com o reconhecimento das 
Nações Unidas, por ocasião da Conferência Internacional de Direitos Humanos de 
Teerã, realizada em 1968, do planejamento familiar como direito humano e a com a 
fundação, no final dos anos 60, do FNUAP (Fundo das Nações Unidas para 
Atividades Populacionais), 
fruto em grande parte do trabalho desenvolvido pessoalmente pelo próprio John 
Rockefeller III.
O 
meio fundamental através do qual pretendia-se obter o controle populacional na 
perspectiva desta primeira estratégia consistia na legalização e na implantação 
de serviços de saúde, entre os quais o planejamento familiar e também o 
aborto.
Importa 
ressaltar, para as finalidades destas notas, que para executar a etapa do 
estabelecimento de programas de planejamento familiar nos países do terceiro 
mundo, o Conselho 
Populacional decidiu desenvolver e difundir internacionalmente o uso do DIU. A 
parte mais importante dos serviços de planejamento familiar, implantados sob 
orientação do Conselho Populacional, consistia basicamente em inserir DIUs nos 
úteros femininos.
Deve-se ressaltar, entretanto, que os DIUs já eram conhecidos desde 
os anos 20, mas a repentina e maciça difusão mundial destes dispositivos somente 
foi possível como conseqüência imediata do trabalho do Conselho 
Populacional.
Os 
primeiros dispositivos intra-uterinos 
foram inventados nos anos 1920 por Grafenberg na Alemanha e Haire na Inglaterra, 
e consistiam de serpentinas de prata de 18 milímetros de diâmetro. Inseridos 
através da cérvix dilatada sem anestesia, os anéis de Grafenberg freqüentemente 
levavam 
a infecções com inflamações pélvicas, endometrite, septicemia e peritonite. Na 
metade da década de 1930 estas complicações levaram ao abandono completo do anel 
de Grafemberg na Europa.
Após 
a segunda guerra mundial, o Japão, que havia embarcado em um intensíssimo 
esforço de controle de natalidade, conforme será dito mais adiante, além de 
legalizar o aborto de forma bastante ampla e facilitada, estimulou pesquisas 
sobre contraceptivos e DIUs feitos de nylon e polietileno. Estas pesquisas 
atraíram a atenção 
dos norte americanos em geral, e do Conselho Populacional em 
particular.
As 
pesquisas iniciais do Conselho Populacional com o DIU foram realizadas nos 
Estados Unidos para evitar "a 
alegação de que os americanos estariam utilizando outros povos como cobaias". 
Subseqüentemente 
os DIUs foram entregues a comissões locais de diversos países para que fossem 
ali examinados e a decisão de utilizá-los partisse das próprias autoridades do 
lugar, para que o DIU "fosse 
aceito como seu próprio método, e não apenas como 
um método importado dos Estados Unidos". 
O 
Conselho Populacional, em parceria com a Fundação Scaife, obteve tanto sucesso 
com a difusão dos DIUs que em pouco tempo não havia mais oferta para a demanda 
criada. Então, com a cooperação de Lippes e Margules, 
os inventores do DIU, e a Ortho Pharmaceutical Company, que detinha os direitos 
das patentes, o Conselho Populacional obteve o direito de conceder licenças para 
o estabelecimento de fábricas internacionais de DIUs para a utilização de 
programas de planejamento 
familiar de grande escala em países subdesenvolvidos. Foram instaladas fábricas 
na Coréia, Taiwan, Hong Kong, Paquistão, Índia, Turquia e Egito. Em pouquíssimo 
tempo o DIU disseminou-se, praticamente sem oposição, sobre toda a 
Terra.
(B) 
A 
segunda 
estratégia: os direitos sexuais e 
reprodutivos.
Em 
1990 a Fundação Ford reconheceu que a legalização do aborto e o oferecimento de 
serviços de saúde 
era insuficiente para zerar o crescimento populacional do planeta, porque a 
maior parte das pessoas ainda sonhavam em formar uma família e ter filhos. A 
Fundação reconhecia, em
seus 
documentos, explicitamente, que o problema agora 
era não apenas legalizar o aborto e disponibilizar serviços planejamento 
familiar, mas desmotivar as pessoas do desejo de ter filhos. Para isto seriam 
necessárias, mais do que a simples propaganda, alterações estruturais da 
sociedade, entre as quais a emancipação 
da mulher para o mercado de trabalho, a alteração da moralidade das relações 
sexuais, a introdução da idéia do aborto como um direito. Estes objetivos não 
poderiam ser alcançados pelo financiamento da pesquisa médica. Seria necessário 
financiar, em 
vez disso, em primeiro lugar, pesquisas na área das ciências sociais e, em vez 
da oferta de serviços de saúde, seria necessário priorizar o financiamento do 
movimento feminista. Foi criada, deste modo, conforme denominado pela Fundação 
Ford e consta oficialmente 
de documentos de 1990, a nova estratégia de direitos sexuais e saúde 
reprodutiva. Graças ao trabalho dos grupos feministas, financiados pela Fundação 
Ford e coordenados pela socióloga Adrianne Germain, integrante do quadro da 
Fundação, a ONU aderiu 
ao programa estabelecido pela organização através das Conferências do Cairo em 
1994, de Pequim em 1995 e de Glen Cove em 
1996.
A 
estratégia de direitos e saúde sexual e reprodutiva funcionou satisfatoriamente 
praticamente em todo o mundo onde o aborto já 
era legal. Mas não funcionou na América Latina, onde as taxas de rejeição ao 
aborto, não obstante o trabalho dos grupos feministas, cresciam em vez de 
diminuirem. Também não funcionou na África sub-saariana, onde havia pouca 
infra-estrutura para o trabalho 
organizado das ONGs financiadas pelas grandes Fundações e um grande apego aos 
valores tradicionais da família.
(C) 
A 
terceira estratégia: a redução de danos e os serviços de aborto 
seguro.
Tudo 
indica que, ainda que não haja um documento formal como o 
da Estratégia de Saúde Reprodutiva da Fundação Ford de 1990, o aborto seguro 
será a terceira grande estratégia para implantar o aborto. Esta estratégia não 
tentará, como principal objetivo, convencer os governos de que a explosão 
populacional é um problema 
de segurança nacional, ou desmotivar a população que deseja ter filhos para que 
não deseje construir uma família tradicional. O alvo básico da nova estratégia é 
a submissão das populações que já conscientemente não aceitam ou estão 
trabalhando contra as 
estratégias anteriores. Queremos, neste documento mostrar o que é, como surgiu e 
como irá atuar, a partir de 2012, esta terceira 
estratégia.
3. O PAPEL DAS GRANDES 
FUNDAÇÕES.
Antes 
de examinarmos o contexto imediato do que foi anunciado pelo governo brasileiro 
em junho de 2012, é preciso examinar primeiramente o papel que as grandes 
fundações desempenham atualmente na política 
mundial.
Criadas 
pelos mega-magnatas do fim do século XIX, as grandes fundações iniciaram-se nos 
primeiros anos do século XX como 
organizações filantrópicas dedicadas ao financiamento de projetos nas áreas da 
saúde e da educação.
Em 
1923, entretanto, deu-se um primeiro embate que já denunciava que algo não 
andava bem no campo da filantropia. Após uma longa e dramática reunião, 
o pastor batista Frederick Gates, que havia fundado e dirigido a Fundação 
Rockefeller desde o seu princípio, demitiu-se da organização porque esta havia 
começado a fazer exigências contratuais para continuar suas doações a escolas 
públicas de Medicina. Estas 
exigências estavam obrigando, segundo o pastor Gates, tais estabelecimentos a 
seguir princípios inteiramente novos e contrários aos que haviam sido planejados 
por seus fundadores. Isto, segundo o pastor Gates, já não podia mais ser 
entendido como
filantropia, 
mas como o início da perversão de seu ideal originário. No ano seguinte o Comitê 
Executivo da Fundação Rockefeller, percebendo que realmente a organização 
parecia estar inclinada a imprimir um rumo diverso aos seus trabalhos, 
ainda abalados pela demissão de Gates, seu co-fundador e primeiro presidente, 
preparou um memorando onde podia-se ler que:
"a 
Fundação não deverá apoiar trabalhos nem organizações cujos objetivos sejam 
alterações nas legislações, não deverá buscar obter 
reformas políticas, econômicas ou sociais, ou influenciar os resultados ou as 
conclusões das pesquisas por ela 
patrocinadas".
O 
memorando, é preciso dizer, caiu gradualmente no total esquecimento e hoje não 
passa de um simples registro histórico. Pouco 
a pouco, pessoas como John Rockefeller III foram se convencendo que, para obter 
a paz no mundo, as grandes Fundações deveriam abandonar a ênfase nos trabalhos 
da filantropia tradicional e deveriam buscar, como objetivos, justamente aqueles 
tipos de atividades 
que haviam sido condenadas no memorando de 
1924.
Nos 
anos 50 o Congresso Americano, alarmado pelo desenvolvimento anormal do trabalho 
das Fundações, instalou uma Comissão de Inquérito para investigar a natureza e a 
extensão das atividades destas instituições. 
A Comissão foi impedida de terminar os seus trabalhos, mas publicou um relatório 
parcial assustador. Este documento, conhecido como Relatório Reece, está 
resumido em português no endereço
Ainda 
que resumido, convém ler este arquivo na sua integridade, para poder avaliar 
realisticamente a extensão do que o presente documento pretende descrever. Já 
nos anos 50, o próprio 
Congresso Americano estava denunciando que algo muito grave estava acontecendo 
na área daquilo que a sociedade supunha tratar-se de simples 
filantropia.
Em 
seguida à leitura do Relatório Reece, convém ler também, em sua integridade, o 
resumo do relatório 
sobre a Estratégia de Saúde Reprodutiva, elaborado em 1990, pela Fundação Ford, 
e notar como ela representa exatamente o contrário do que havia sido 
estabelecido no Memorando da Fundação Rockefeller de 1924. O resumo deste 
relatório encontra-se no arquivo
e o original inglês, para ser lido como complementação, encontra-se 
no arquivo
Antes 
de terminar esta seção, convém examinar também como o programa de Direitos 
Reprodutivos de 1990 da Fundação Ford foi fielmente executado no Brasil, nas 
suas linhas fundamentais, pela Fundação MacArthur.
A 
técnica em si consiste, como sempre, em uma rede de fundações estrangeiras que 
financia outra rede de ONGs do país nativo, para que esta última siga, em 
conjunto, as diretivas planejadas no exterior. A rede de ONGs locais aparenta 
agir por livre 
iniciativa, mas constitui, na verdade, uma rede de organizações criadas ou 
mantidas por fundações estrangeiras, que impõem aos nativos as estratégias 
externas. Pela falta de recursos locais, as ONGs nativas não podem fazer senão 
aquilo que lhes é ditado pelas 
fundações que lhes fornecem os recursos. Deste modo, devido à ausência de 
informação, no país alvo, sobre os detalhes deste método de trabalho, as 
fundações estrangeiras podem dar-se ao luxo de planejar a modificação, sem 
grande resistência, dos costumes, 
da moral e
da 
legislação da nação, mesmo contra a vontade do povo nativo e sem que este tenha 
uma idéia das verdadeiras razões do que está acontecendo. Ao povo, e às 
autoridades civis e religiosas, é dada a falsa impressão de que 
tudo é o resultado do destino natural e inevitável da 
história.
Do 
ponto de vista do conteúdo, para além da técnica, o relatório da Fundação 
MacArthur não é nada mais do que a aplicação concreta no Brasil dos princípios 
da estratégia de direitos reprodutivos 
elaborado em 1990 pela Fundação Ford, aplicada nos anos seguintes à ONU, ao 
Brasil e a inúmeros outros países. O relatório de como a Fundação MacArthur 
aplicou 36 milhões de dólares entre 1990 e 2002 para desenvolver a política dos 
direitos reprodutivos 
e implantar o aborto no Brasil está no seguinte 
arquivo:
Estes 
três documentos, em seu conjunto, (o Relatório Reece, a Estratégia 
de Saúde Reprodutiva da Fundação Ford e o relatório da Fundação MacArthur no 
Brasil), ilustram perfeitamente bem o mecanismo básico de ação das grandes 
Fundações e explica como, apesar do povo brasileiro não apenas ser maciçamente, 
como também crescentemente, 
contrário à prática do aborto e à sua legalização, possa existir tamanha pressão 
para que este seja promovido, implantado e 
legalizado.
Convém 
notar, para a subseqüente leitura deste documento, que na página 56 do 
relatório, a Fundação MacArthur afirma 
que em 2002 estava deixando o país, não sem declarar que, entretanto, após mais 
de uma década de trabalho, o 
Brasil já estava pronto para legalizar o aborto. 
Apesar 
de deixar o Brasil, a Fundação deixava recursos a serem gerenciados pelo CEBRAP, 
para 
que a Comissão 
de Cidadania e Reprodução pudesse 
continuar o trabalho já iniciado. A Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) 
será mencionada várias vezes, mais adiante, quando expusermos o contexto atual 
da nova estratégia de redução de danos para implantar 
o aborto no país.
4. A NOVA POLÍTICA DO GOVERNO BRASILEIRO PARA IMPLANTAR 
O ABORTO NO PAÍS.
O 
relatório publicado em 2002 pela Fundação MacArthur sobre suas atividades no 
Brasil afirmava que o Brasil já estava pronto para legalizar o aborto. 
Bastaria 
para tanto apresentar ao Congresso um projeto de lei neste sentido para que ele 
fosse aprovado.
A 
história recente mostra, entretanto, que tal coisa não aconteceu. A Fundação 
MacArthur não havia previsto que um fato novo estava ocorrendo no Brasil, 
assim 
como em muitas outras nações latino-americanas e provavelmente em outros lugares 
do mundo. A rejeição do povo ao aborto, em vez de diminuir, estava aumentando. 
Por este motivo, o projeto para legalizar o aborto no Brasil, apresentado em 
2005 pelo Partido 
dos Trabalhadores, que havia recém conquistado o poder, foi reprovado em 2008 na 
Câmara dos Deputados por duas votações seguidas de 33 votos contra zero e 57 
votos contra 4. O contexto político das votações evidenciou, ademais, que 
qualquer outro projeto 
de lei que pretendesse legalizar o aborto no país seria, de modo semelhante, 
rejeitado pelo Poder Legislativo.
Complicava 
o novo quadro o fato de que, devido ao apoio que o governo petista havia dado, 
entre 2004 e 2010, à promoção do aborto no Brasil, a então 
candidata governista à sucessão de Lula à presidência da República e atual 
presidente Dilma Rousseff, teria perdido as eleições de 2010 se, quinze dias 
antes da votação do segundo turno, não se tivesse comprometido, apesar de seu 
histórico pessoal, a 
não promover o aborto no país.
As promessas foram feitas, redigidas e assinadas. Mas, apesar 
delas, o governo petista não desistiu dos seus acordos internacionais e 
continuou, em silêncio, a promover o aborto no país. 
Em 2009,   quando 
Lula ainda era presidente, o governo decidiu contratar um grupo de estudos para 
planejar como seria possível, mesmo em condições tão adversas, legalizar o 
aborto no Brasil. Consta no Diário Oficial da União que, mediante um termo de 
cooperação, o governo 
brasileiro contratou a Fundação Oswaldo Cruz para estabelecer um grupo de 
"Estudo 
e Pesquisa para despenalizar o aborto no Brasil e fortalecer o Sistema Único de 
Saúde - SUS", conforme 
"especificações 
técnicas e objetivos constantes do plano de trabalho 
que integraria o contrato".
Farta documentação, encontrada no Diário Oficial da União, mostra 
que o governo Dilma, através do Ministério da Saúde, contrariamente às promessas 
feitas durante a campanha eleitoral de 2010,   deu 
continuidade aos estudos 
que haviam se iniciado em 2009, época do governo 
Lula.
A 
nova estratégia elaborada pelo grupo de estudos foi finalmente apresentada pelos 
principais jornais brasileiros na primeira semana de junho de 2012. Foi 
anunciado que o Ministério da Saúde preparava 
uma Norma Técnica pela qual o Sistema de Saúde brasileiro passaria a acolher as 
mulheres que desejam abortar, orientando-as sobre como usar os métodos corretos 
para o procedimento. Tratava-se 
de uma estratégia para violar a lei, para depois derrubar 
a lei. A 
Ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, 
afirmou, nesta ocasião, que
'somente é crime praticar o próprio aborto, mas o 
governo entende que não é crime orientar uma mulher sobre como praticar o 
aborto'.
O 
Ministério 
da Saúde, ademais, afirmava estar preparando uma cartilha que seria distribuída 
para o povo, orientando as mulheres que pretendessem abortar. A cartilha seria 
distribuída em todo o Brasil e o anúncio afirmava que deveria ficar pronta até o 
fim do mês de 
junho.
O 
Ministério estudava também a liberação, para o público, da venda de remédios 
abortivos, hoje de uso reservado à rede hospitalar. Desta maneira, os médicos 
poderiam orientar as mulheres sobre como praticar o aborto seguro e os 
medicamentos necessários 
estariam amplamente disponíveis para o público nas 
farmácias.
5. AS ORIGENS DA NOVA 
POLÍTICA.
A 
estratégia elaborada pelo Grupo de Estudos contratado pelo governo desde 2009 
não possuía nada de original. Ela estava sendo elaborada fora do Brasil, 
há vários anos e, mais recentemente, sua imposição imediata foi decidida no 
exterior. O Ministério apenas tratou de apresentá-la como iniciativa nacional, 
supostamente copiada de uma iniciativa semelhante, já em parte existente no 
Uruguai.
A 
nova estratégia, 
na realidade, originava-se de cinco vertentes:
(1)  o 
Protocolo de Atenção Pós Aborto do IPAS,
(2)  as 
Iniciativas Sanitárias do Uruguai,
(3)  o 
Consórcio Internacional para a Contracepção de 
Emergência,
(4)  o 
Consórcio 
Internacional para o Aborto Médico,
(5)  o 
Instituto Bill e Melinda Gates de População e Saúde 
Reprodutiva.
6. O PROTOCOLO DE ATENÇÃO 
PÓS-ABORTO.
Em 
meados dos anos 60 e 70, John Rockefeller III, diretamente e através de 
suas 
organizações, passou a exercer um pesado lobby junto ao governo federal 
americano para que este reconhecesse a questão do controle demográfico mundial 
como um problema de segurança interna dos Estados 
Unidos.
Entre 
os resultados alcançados estiveram uma série 
de audiências públicas no Senado americano que se estenderam entre os anos de 
1965 a 1968 e em que foram ouvidas 120 autoridades em questões populacionais, 
incluindo o próprio John Rockefeller III. Como conseqüência destas audiências, o 
Senado acrescentou 
em 1967 um Título X ao Foreign Assistance Act, nomeado de 
'Programas 
Relacionados ao Crescimento Populacional', 
autorizando 
a USAID (United States Agency for International Development) a receber recursos 
para promover programas de planejamento familiar 
no exterior. Um escritório de população foi criado dentro da USAID, para cuja 
direção foi contratado o médico epidemiologista Reimert Ravenholt. Este homem 
gastou, durante cerca de uma década, a fabulosa quantia de quase 2 bilhões de 
dólares para financiar 
a redução do crescimento populacional mundial através da esterilização forçada, 
do uso de contraceptivos e do aborto, tanto o legal como o clandestino. Médicos 
vinham de todos os países do mundo para os Estados Unidos receberem treinamento 
em técnicas de 
aborto e recebiam os equipamentos necessários para iniciarem os serviços em seus 
respectivos países. Foi também a USAID que financiou a pesquisa básica que 
culminou com a disseminação das modernas drogas abortivas, que eram vistas pelos 
diretores do organismo 
como "a 
nova penicilina que acabaria com a enfermidade mundial da explosão 
populacional". A 
USAID promoveu cursos e congressos internacionais sobre a prática de aborto para 
milhares de médicos provenientes de praticamente todos os países do mundo em 
desenvolvimento, 
patrocinou a distribuição de centenas de milhares de aparelhos para 
procedimentos de aborto em mais de setenta países, na maioria dos quais o aborto 
não era legal, e em vários deles implantou redes de clínicas de abortos. Os 
programas de treinamento 
em esterilização forçada foram realizados em parceria com a faculdade de 
medicina da Universidade John Hopkins, que contava com um dos mais prestigiados 
centros de ginecologia do mundo. A USAID enviava convites aos departamentos de 
ginecologia e 
obstetrícia de praticamente todas as principais escolas médicas de todos os 
continentes e pedia a indicação de médicos que quisessem participar de um curso 
de duas semanas sobre esterilização, com todas as despesas pagas, na 
Universidade John Hopkins. Os promotores 
do curso forneciam os equipamentos necessários para a prática posterior e 
fornecia supervisão no trabalho de esterilização para quando os médicos 
retornassem aos seus países de 
origem.
No 
final do governo Nixon uma forte reação resultou na votação 
da Emenda Helms, a qual proibiu a USAID de continuar promovendo o aborto e o uso 
de verbas federais para o financiamento da prática do aborto, tanto dentro como 
fora dos Estados Unidos. Impedidos de trabalhar, pela Emenda Helms e por novas 
pressões administrativas 
durante o governo Carter, os diretores da divisão de população da USAID viram-se 
obrigados a criar uma organização privada, a qual recebeu o nome de IPAS, para 
continuar a missão repentinamente interrompida. Desde o final dos anos 70, com a 
ajuda 
das fundações internacionais, o IPAS tornou-se um dos principais promotores 
internacionais do aborto legal e ilegal. Sediado na Carolina do Norte, com 
filiais em inúmeros países, inclusive no Brasil, o IPAS distribui equipamentos 
para a prática de abortos, 
assessora clínicas de aborto e promove cursos para médicos em procedimentos de 
aborto em todo o mundo. No Brasil, o IPAS, em parceria com o governo federal, 
promove regularmente cursos sobre aborto na maioria das grandes maternidades e 
escolas de medicina.
O governo Reagan, seguindo-se ao de Carter, endureceu ainda mais as 
medidas introduzidas pela Emenda Helms e proibiu, em 1984, durante a Conferência 
Internacional de População do
México, 
através de medidas que se tornaram conhecidas 
como a "política 
da Cidade do México", que 
qualquer organização, nacional ou internacional, que trabalhasse com a promoção 
do aborto, pudesse receber verbas federais, mesmo que os recursos não se 
destinassem diretamente a práticas de aborto.
Vendo-se 
tolhido, o IPAS reagiu criando, em 1991, o conceito de 
"cuidados 
pós aborto" e, 
em 1993, juntamente com outras organizações, criou o Consórcio da Atenção Pós 
Aborto para educar os operadores da saúde em todo o mundo sobre as conseqüências 
do aborto inseguro 
e desenvolver os cuidados pós aborto como uma estratégia de saúde pública. A 
essência da estratégia estava em que os cursos que o IPAS ministrava e os 
aparelhos que distribuía em todo o mundo podiam ser utilizados, através das 
mesmas técnicas, não apenas 
para fazer um aborto, mas também para esvaziar o útero de restos placentários 
depois de um aborto mal feito. Em 2001 um memorando do governo americano 
estabeleceu que a política da Cidade do México não proibia o 
"tratamento 
dos danos causados por abortos 
legais ou ilegais, inclusive a atenção pós aborto". 
Com 
isto o IPAS e seus parceiros poderiam continuar a ministrar cursos e distribuir 
seus equipamentos sem perder a ajuda financeira norte americana. Bastaria 
afirmar que os cursos e os equipamentos não 
se destinavam à prática do aborto, mas aos cuidados pós aborto. O IPAS começou a 
atuar no Brasil em 1993, introduzido através do trabalho da Fundação MacArthur, 
conforme consta na página 50 do relatório já citado desta 
organização.
Um 
histórico do protocolo 
de cuidados pós aborto do IPAS pode ser encontrado no 
arquivo
http://www.guttmacher. 
org/pubs/journals/2910603.pdf
7. AS INICIATIVAS SANITÁRIAS NO 
URUGUAI.
O 
programa, aparentemente destinado à redução 
de danos devidos ao aborto no Uruguai, conhecido como 
"Iniciativas 
Sanitárias", iniciou-se, 
na realidade, nos anos 90, na cidade de Campinas, no Brasil, com a atividade 
ilegal desenvolvida pelo Dr. Aníbal Faúndes, professor de Ginecologia e 
Obstetrícia na 
Unicamp e membro permanente, desde os anos 70, da equipe profissional do 
Population Council que integra as organizações 
Rockefeller.
No dia 16 de junho de 1994, o Dr. Aníbal Faúndes declarou ao jornal 
Folha de São Paulo
que ele
"ensinava 
às mulheres como 
usar remédios abortivos para praticarem elas mesmas um aborto. 'Está melhor que 
elas saibam fazê-lo bem', dizia o medico, 'do que se rompam seus 
úteros".
Posteriormente, 
o mesmo Dr. Aníbal Faúndes declarou, no dia 1 de junho de 2007, ao jornal 
brasileiro 
O GLOBO, que entre o ano 2001 e 2003 ele teria ajudado a implantar a mesma idéia 
em um projeto mais ambicioso no Uruguai. Faúndes, de fato, referia-se ao projeto 
"Iniciativas 
Sanitárias".
No 
dia 8 de março de 2002, escolhido propositalmente por ser o Dia 
Internacional da Mulher, uma equipe de médicos do Hospital Pereira Rossell, a 
principal maternidade do Uruguai, liderada pelo Dr. Leonel Briozzo, apresentou 
uma proposta ao Ministério da Saúde para que fosse aprovado um protocolo que 
previa a obrigatoriedade 
de que os médicos do país orientassem as mulheres que estivessem decididas a 
abortar sobre o modo correto de provocar um aborto sem riscos, prescrevendo 
antibióticos a partir das 24 horas que antecedessem o momento do aborto 
e garantindo 
que, assim que se iniciasse a hemorragia, seriam atendidas e tratadas nos 
hospitais sob sigilo médico. Segundo o protocolo, os médicos somente não 
poderiam provocar eles mesmos o aborto, nem indicar o lugar onde se poderiam 
obter as drogas para provocá-lo.
Os 
primeiros dois Ministros da Saúde que receberam a proposta do protocolo não se 
pronunciaram a respeito. A equipe do Hospital Pereira Rossell, como resposta, 
anunciou que, sob a orientação jurídica 
de seus advogados, iriam iniciar eles mesmos a prática, independentemente da 
aprovação do protocolo por parte do Ministério.
Finalmente, 
no dia 6 de agosto de 2004, depois que o Senado havia rechaçado, no mês de maio, 
por 17 votos contra 13, um projeto 
que previa a legalização do aborto no país, o novo Ministro da Saúde, Dr. 
Conrado Bonilla, aprovou o protocolo do Hospital Pereira Rossell, convertendo-o 
em obrigatório para todo o Uruguai.
Conforme 
foi noticiado, na ocasião, pelo periódico argentino conhecido 
como Página 12,
"Em 
um fato sem precedentes na região, o governo do Uruguai publicou uma resolução 
que obriga os médicos do setor público e privado a oferecer assessoria às 
mulheres que decidam interromper sua gravidez, apesar de que o aborto neste 
país é ilegal. A norma inclui a administração preventiva de antibióticos desde 
as 24 horas anteriores ao suposto momento em que a paciente poderia decidir 
realizar a intervenção. A idéia é gerar um ambiente de confiança entre o médico 
e a mulher que decide 
interromper a gravidez e indicar-lhe que, assim que o tenha feito, já no 
primeiro sangramento, possa apresentar-se ao 
hospital".
Apesar 
da norma aplicar-se a todos os médicos do país, o Dr. Leonel Briozzo e seus 
colegas afirmaram várias 
vezes que, tanto ele como a sua equipe, não desejavam impor, por meios 
judiciais, a norma a seus colegas de trabalho. Em vez disso, obtiveram um 
financiamento da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, na qual o 
Dr. Aníbal Faúndes era presidente 
do Comitê de Direitos Sexuais e Reprodutivos, para capacitar os médicos de todo 
o Uruguai a cumprir a nova norma, iniciando pelas diversas policlínicas do 
Montevidéu e daí seguindo para o interior do 
país.
A 
normatização original, aprovada pelo Ministro 
da Saúde no ano 2004, afirmava que um de seus "objetivos 
específicos" consistia 
em "diminuir 
o número de abortos provocados". Ao 
ser divulgada a notícia da aprovação da Norma em agosto de 2004, o Dr. Leonel 
Briozzo afirmava que
"De 
cada dez pacientes 
que duvidam a respeito de qual decisão tomar, 5 decidem seguir com a gravidez e 
outras 5 realizam o aborto. A experiência mostra que quando tiramos o véu do 
terror da gravidez indesejada e falamos abertamente a respeito, diminui a 
porcentagem de abortos".
Mas 
em 2007 a televisão uruguaia exibiu em horário nobre uma reportagem sobre o 
serviço de aconselhamento do Hospital Pereira Rossell, onde foram mostradas 
várias pessoas vendendo livremente, na sala de espera do hospital, os mesmos 
remédios 
abortivos que os médicos estavam ensinando às gestantes como usar e que, 
supostamente, ainda eram ilegais no país. Logo em seguida, no dia 31 de julho de 
2007, em uma audiência pública no Senado, o Dr. Justo Alonso declarava, em nome 
do programa Iniciativas 
Sanitárias, que mais de 90% das mulheres que se utilizavam do serviço acabavam 
praticando o aborto.
Algumas 
semanas depois, no dia 11 de setembro de 2007, um dos poucos grupos a favor da 
vida que foram rapidamente ouvidos em audiência no Senado uruguaio 
aproveitou a oportunidade para fazer os seguintes comentários aos 
parlamentares:
"Um 
dos objetivos do serviço de aconselhamento do Hospital Pereira Rossell foi 
definido como a diminuição da prática dos abortos provocados, respeitando 
sempre a decisão informada da usuária. O protocolo afirma também: 'trata-se, em 
síntese, de desincentivar a prática do aborto provocado e, quando isto não seja 
possível, diminuir os riscos que esta prática implica'. Mas atualmente 90% das 
mulheres que 
chegam ao Pereira Rossell termina abortando e do restante 10%, não se sabe por 
que, não retorna. Então, simplesmente este objetivo não está sendo 
alcançado".
Enquanto 
isso, sem que tivesse havido, em momento algum, qualquer preocupação em examinar 
por que 
o número de abortos não diminuía, a iniciativa dos médicos uruguaios passava a 
tomar corpo internacionalmente.
Em 
2008 o Parlamento Uruguaio votou o Projeto de Lei de Defesa do Direito à Saúde 
Sexual e Reprodutiva. Os artigos 9 a 14 que legalizariam o 
aborto foram vetados pelo presidente Tabaré Vasquez, mas os artigos 1 a 8, 
aprovados e sancionados, elevaram o protocolo do programa de Iniciativas 
Sanitárias, de simples norma do Ministério da Saúde, a lei da 
República.
8. 
O CONSÓRCIO INTERNACIONAL PARA
A CONTRACEPÇÃO DE 
EMERGÊNCIA.
A 
contracepção de emergência, mais conhecida hoje como a pílula do dia seguinte, 
já era conhecida nos meios científicos desde o final dos anos 60. Estas drogas 
impedem o desenvolvimento da gravidez se tomadas até 
72 horas após a relação sexual. Por outro lado, é sabido que, se a mulher 
estiver em seus dias férteis e tiver ovulado, seu óvulo será fecundado em 
questão de poucas horas, ou até de poucos minutos, após a relação sexual. Não é 
possível negar, nestas condições, 
que se a contracepção de emergência evita o desenvolvimento de gravidez mesmo 
quando tomada 72 horas depois da relação sexual, ela não terá evitado a 
fecundação. Trata-se, 
portanto, de um procedimento manifestamente abortivo. 
Se 
a mulher já ovulou e 
tem uma relação sexual, não existe nenhum modo pelo qual, no dia seguinte à 
relação e, com muito mais razão, depois de dois ou de três dias, qualquer 
procedimento possa impedir a ocorrência de uma concepção que já havia se 
realizou um, dois ou três dias antes. 
Nestas circunstâncias o que ocorre é que, se a fecundação ocorreu no dia da 
relação sexual, entre cinco e sete dias depois, quando o óvulo já fecundado 
deveria estar-se nidando na parede interna do útero, a nidação será impedida 
pela alteração endometrial 
promovida pela droga, uma droga que terá sido tomada depois da concepção, mas 
não antes da nidação. Neste caso o óvulo já fecundado, não podendo nidar-se, 
será rejeitado pelo organismo materno e expelido juntamente com a 
menstruação.
Apesar 
de conhecida 
nos meios científicos, durante três décadas a indústria farmacêutica não quis 
promover o produto, basicamente por causa dos seguintes motivos, levantados por 
uma pesquisa realizada pela IPPF em 1994: (1) o receio de serem acusados de 
prática de aborto, 
(2) a falta de treinamento dos profissionais da saúde, (3) a falta de demanda 
por parte das mulheres.
Foi a Fundação Rockefeller que decidiu, em 1995, iniciar o processo 
para a disseminação da contracepção de emergência no 
mundo.
Em 
abril de 1995 a Fundação 
hospedou no seu Centro de Conferências de Bellagio, no Lago de Como, na Itália, 
24 especialistas de todo o mundo para discutirem a contracepção de emergência. 
Entre eles havia dois brasileiros, sendo que um deles, o Dr. Elsimar Coutinho, 
da Universidade 
Federal da Bahia, atuava como presidente da Conferência. A Dra. Beverly 
Winikoff, do Conselho
Populacional, 
também estava listada entre os participantes. A Conferência foi patrocinada em 
conjunto com a IPPF, a Family Health International, 
o Population Council e a Organização Mundial da Saúde. Os objetivos imediatos do 
encontro foram a publicação de uma declaração e a fundação de um consórcio 
internacional de entidades para a difusão da contracepção de 
emergência.
A 
"Declaração 
de 
Consenso sobre a Contracepção de Emergência" 
(Consensus 
Statement on Emergency Contraception), resultado da Conferência de Bellagio, 
pode ser encontrado neste arquivo:
O 
corpo do texto afirmava que os médicos relutavam em disponibilizar a 
contracepção de emergência. 
Mas, para todos estes casos, o documento sugeria claramente que deveria 
sustentar-se, insistentemente, sem apresentar qualquer justificativa, que a 
contracepção de emergência não era abortiva:
"Os 
provedores relutam em fornecer este método. Em caso de 
desentendimento, os contraceptivos de emergência não são abortivos. Os 
contraceptivos de emergência previnem a gravidez 
indesejada".
O 
Consenso também propunha 14 recomendações, entre as quais desencadear amplo 
trabalho de promoção e propaganda, principalmente 
entre a população mais jovem, incluir a contracepção de emergência nos programas 
de planejamento familiar, nas listas de medicamentos essenciais e no currículo 
das escolas de saúde, e realizar coletas sistemáticas de dados sobre o uso dos 
contraceptivos 
de emergência pelos sistemas de saúde e pelos censos 
demográficos.
Sete 
organizações internacionais que haviam participado da Conferência, entre as 
quais a Concept Foundation, a IPPF, a Organização Mundial da Saúde e o Conselho 
Populacional, criaram 
em seguida o Consórcio 
Internacional para a Contracepção de Emergência 
(ICEC). 
A Organização Mundial da Saúde, uma das fundadoras do ICEC, acrescentou a 
contracepção de emergência na sua Lista de Medicamentos Essenciais no mesmo 
ano.
A 
estratégia do ICEC 
foi basicamente a de contatar uma indústria farmacêutica, a Gedeon Richter da 
Hungria, e convencê-la a lançar uma pílula do dia seguinte sob o nome de 
Postinor 2, que seria utilizada dentro dos esquemas dos serviços de planejamento 
familiar já existentes. 
Os recursos para o desenvolvimento do Postinor 2 vieram da Fundação Rockefeller 
e da Fundação Packard. Os membros do ICEC fariam todo o trabalho de advocacy, 
distribuição e de lobby junto às autoridades políticas e de saúde para o 
registro do novo medicamento, 
mas quem iria aparecer seria a indústria farmacêutica, e não o ICEC, nem 
tampouco a Fundação Rockefeller. Antecipando a polêmica, o Consórcio decidiu 
evitar o contato com os meios de comunicação durante os estágios iniciais do 
projeto. Apesar de conhecida 
há décadas, a contracepção de emergência foi divulgada como um produto 
inteiramente novo, resultado do desenvolvimento da pesquisa científica, cuja 
disseminação seria impossível de ser detida e que as indústrias farmacêuticas 
jamais deixariam de disponibilizar. 
Todas as organizações envolvidas no processo foram avisadas no sentido de que 
qualquer menção que o produto fosse abortivo deveria ser imediatamente refutada 
por pesquisadores e entidades, de modo que qualquer oposição viesse a parecer 
impossível. 
Para agilizar a atividade do ICEC, foram criados mais cinco sub-consórcios 
continentais ligados ao ICEC: a Sociedade Americana de Contracepção de 
Emergência, o Consórcio Latino-americano de Anticoncepção de Emergência (CLAE), 
o EC Afrique, e mais dois outros 
consórcios para a Europa Oriental e para o mundo 
Árabe.
O 
trabalho foi iniciado em quatro países piloto: México, Quênia, Sri Lanka e 
Indonésia. A introdução da contracepção de emergência nestas quatro nações 
possibilitou ao ICEC 
traçar uma estratégia de implantação da pílula do dia seguinte, seguindo um 
programa de nove etapas. Seguindo este cronograma, logo em seguida a pílula do 
dia seguinte foi registrada em 40 países e seu uso introduzido em 
140.
A 
página inicial do site do 
ICEC descreve hoje seu trabalho nestas poucas 
palavras:
"Apesar 
de que a contracepção de emergência estivesse disponível há mais de 30 anos, as 
mulheres em todo o globo tinham permanecido na ignorância desta importante opção 
e sem acesso às informações 
e os produtos para que a pudessem utilizar efetivamente. Isto era 
particularmente evidente nos países em 
desenvolvimento.
Em 
resposta a esta situação, a Fundação Rockefeller reuniu uma Conferência em 1995 
para discutir a contracepção de emergência. Logo 
após este encontro, um grupo de sete organizações internacionais, trabalhando na 
área do planejamento familiar, formaram o Consórcio para a Contracepção de 
Emergência e passaram a demonstrar que esta segunda chance contraceptiva poderia 
tornar-se uma parte 
principal da saúde reprodutiva 
mundial".
A documentação a este respeito pode ser encontrada nestes 
arquivos:
9. O CONSÓRCIO INTERNACIONAL PARA O ABORTO 
MÉDICO
As 
fundações internacionais não obtiveram sucesso com a legalização do aborto na 
América Latina. Neste continente, a experiência de Iniciativas Sanitárias no 
Uruguai, fruto da experiência pessoal de 
seu criador, quando professor de Obstetrícia na Universidade de Campinas, chamou 
a atenção pelo seu êxito isolado.
Aníbal 
Faúndes, há três décadas funcionário do quadro permanente do Conselho 
Populacional e mentor intelectual de Iniciativas Sanitárias, não 
tardou a comparar os resultados de Iniciativas Sanitárias com os resultados 
semelhantes dos protocolos de Atendimento Pós-Aborto do IPAS e com a experiência 
das organizações Rockefeller na difusão do DIU e da contracepção de emergência. 
A experiência de Iniciativas 
Sanitárias era, na realidade, um protocolo de Atendimento Pré-Aborto, a 
contrapartida óbvia do Atendimento Pós-Aborto criado pelo IPAS. Ambos os 
protocolos poderiam ser unidos em um único protocolo, o CAC, ou 
Comprehensive 
Abortion Care, em 
vez 
de apenas PAC, ou Post 
Abortion Care. E 
não seriam mais necessárias as complexas manobras de lobby aos poderes 
legislativos para legalizar o aborto, uma vez que o ato de induzir o aborto, 
através da ingestão de um comprimido, poderia ser realizado na própria 
casa da mulher, sem necessidade de ser legalizado. Evitando os lobbies aos 
poderes legislativos, que exigem operações complexas e específicas, de acordo 
com as realidades, a história e os tempos legislativos de cada país, a batalha 
pelo CAC, pelo aborto 
médico, pela política de redução de danos, pelos serviços 
de
aborto 
seguro, ou por qualquer outro nome com que se quisesse chamá-lo, poderia ser 
realizada de modo rápido e simultâneo em todo o mundo, seguindo a metodologia já 
conhecida 
pelas organizações Rockefeller quando da implantação do DIU nos anos 60 e da 
contracepção de emergência nos anos 90.
Foi 
deste modo que se iniciou, nos primeiros anos do século XXI, utilizando 
metodologias já conhecidas, o mais ambicioso projeto já concebido 
até hoje para internacionalizar o aborto, de um modo fulminante, e sem 
necessitar legalizá-lo.
Em 
2003 as organizações Rockefeller criaram a ONG Gynuity, fundada e presidida, 
desde então, pela Dra. Beverly Winikoff. Ela já havia participado do Comitê 
que havia elaborado a Declaração 
de Consenso sobre a Contracepção de Emergência, 
de 
1995, o evento que havia dado a partida a todo o rapidíssimo processo mundial de 
difusão daquela prática. Winikoff havia trabalhado durante vinte e cinco anos no 
Population 
Council, organização à qual havia se integrado praticamente desde a mesma época 
que Aníbal Faúndes. Mas, ao contrário de seu colega brasileiro, antes disso 
Winikoff já era funcionária da divisão de saúde da Fundação 
Rockefeller.
A 
atividade desenvolvida 
pela Gynuity segue o padrão adotado pelas organizações Rockefeller. Antes de 
iniciar qualquer campanha, tratam de fundamentar a sua validade no meio 
acadêmico. Assim havia sido com o DIU, assim havia sido com a contracepção de 
emergência. Conforme se depreende 
da leitura do Relatório Reece e de inúmeras outras fontes, o envolvimento das 
grandes fundações com a pesquisa acadêmica data dos primórdios do século XX. Na 
realidade, estas organizações praticamente ditam os rumos da pesquisa científica 
nos setores 
que interessam às suas agendas. A Gynuity passou a pesquisar, realizar 
congressos, promover publicações na área científica sobre o aborto seguro por 
meio de medicamentos. Uma das primeiras tarefas da Gynuity foi redigir, como 
resultado de uma nova reunião 
internacional no Centro de Conferências da Fundação Rockefeller em Bellagio, um 
manual sobre a maneira de introduzir o aborto por meio de medicamentos em países 
em desenvolvimento, o que significa, na prática, nos países onde o aborto é 
ilegal.
No 
mesmo 
ano, a Organização Mundial da Saúde produziu a primeira edição de seu próprio 
manual do aborto seguro, denominado "Aborto 
Seguro: Guia Técnico e Político para Sistemas de Saúde". 
O 
manual foi posteriormente atualizado e uma segunda edição publicada em 2012. 
Ambas as edições não são apenas manuais técnicos, mas também plataformas 
políticas disfarçadas de publicação técnica, seguindo a mesma linha 
argumentativa do manual de estratégias da IWHC e dos comitês de direitos humanos 
da ONU.
Simultaneamente 
à realização 
de inúmeras conferências internacionais por parte da Gynuity, fundou-se em 
Londres o ICMA, ou International 
Consortium for Medical Abortion, a 
organização que deveria desempenhar o papel análogo ao do ICEC, ou 
International 
Consortium for Emergency Contraception. 
Ao 
que parece, o ICMA não foi, em seus inícios, objeto de maiores atenções dos 
Rockefellers. Fundado em Londres, em 2002, por uma organização denominada 
Reproductive 
Health Alliance, tinha 
como objetivo ser um fórum que reunisse os principais 
atores de todo o mundo que estivessem trabalhando com o aborto por meio de 
medicamentos, dentro da perspectiva do aborto seguro. A 
Reproductive 
Health Alliance encerrou 
suas atividades logo a seguir, mas o ICMA continuou. Os editores da revista 
Reproductive 
Health Matters, que 
faziam parte da diretoria do ICMA, e em cujo conselho editorial figuravam 
pessoas como Adrianne Germain da IWHC, Lilian Abracinskas, líder feminista do 
Uruguai, Frances Kissling, presidente mundial das Católicas pelo Direito de 
Decidir, 
e Regina Barbosa, pesquisadora da Unicamp, decidiram levar adiante a iniciativa 
e organizar uma Conferência 
Internacional sobre Aborto Seguro em 
Johannesburg, África do Sul, em 2004. Neste ínterim, a Gynuity passou a fazer 
parte do comitê diretor do ICMA.
Com 
o apoio de fundos do governo da Suécia e da Alemanha, a equipe da Reproductive 
Health Matters conseguiu organizar a Conferência Internacional sobre Aborto 
Seguro, em Johannesburg, no ano de 2004, na qual participaram 108 representantes 
de 50 países. Nas palavras dos promotores do evento, a conferência 
"colocou 
finalmente o ICMA no mapa-mundi". A 
partir desta data a sede da organização mudou-se para a República Moldava, no 
Leste Europeu, e o ICMA obteve o apoio financeiro da Fundação 
Packard e dos governos da Holanda, do Reino Unido e da Suécia. O ICMA passou 
também a atrair a atenção das organizações Rockefeller, principalmente pelo 
potencial que a iniciativa teria na implementação do aborto seguro na América 
Latina. A idéia era 
reproduzir, para o caso do aborto seguro, a mesma estrutura e o mesmo papel que 
o ICEC desempenhou na campanha mundial pela contracepção de emergência, quando 
esta organização coordenava, em cada continente, diversos consórcios 
independentes.
Em 
agosto de 2005 o Population Council, a principal entre as organizações 
Rockefeller que se dedicam à promoção do aborto e do controle populacional, em 
conjunto junto com a Gynuity, a IPPF e as Católicas pelo Direito de Decidir, 
realizou um congresso na Cidade 
do México sobre os "desafios 
do aborto inseguro na América Latina", com 
a presença de mais de 70 profissionais do México, Peru e Brasil. Neste evento, 
além das discussões a respeito das estratégias para aumentar o acesso aos 
serviços de aborto seguro 
na região, a Gynuity apresentou um estudo contendo uma 
"revisão 
da experiência obtida em mais de 10.000 abortos por meio de medicamentos em uma 
clínica clandestina da América Latina". O 
encontro terminou com a decisão de criar o Consórcio 
Latino Americano 
contra o Aborto Inseguro.
O 
novo consórcio, que seria o primeiro de quatro outros consórcios que dividiriam 
entre si os principais continentes do planeta, foi finalmente fundado no ano 
seguinte em Lima, no Perú. Denominado de Consórcio 
Latino Americano contra 
o Aborto Inseguro (CLACAI), 
sua criação foi patrocinada pela Gynuity, que participou da reunião inaugural da 
nova entidade. Assistiram 50 participantes, vindos de 13 países da região, entre 
"provedores 
de abortos" (sic), 
grupos de pesquisadores e organizações feministas, com a finalidade de 
estruturar o organismo e planejar ações para aumentar o acesso ao aborto por 
meio de medicamentos na região.
Nos 
anos seguintes foram fundados o Asia 
Safe Abortion Partnership (ASAP), 
em 2008; o Eastern 
European Alliance for Reproductive Choice 
(EEARC), 
também em 2008; e o African 
Network for Medical Abortion (ANMA), 
em 2009.
Atualmente 
o ICMA conta com 160 membros institucionais e 460 membros individuais de todos 
os países do mundo. 
Os países mais representados são os Estados Unidos (71 membros), a India (52 
membros) e o Perú (51 membros).
Na 
América Latina, o consórcio regional CLACAI conta com 57 organizações e 27 
membros individuais. Participam do CLACAI, por parte do Brasil, 
a ANIS 
de 
Brasília, dirigida pela antropóloga Débora Diniz, e a Comissão 
de Cidadania e Reprodução, ligada 
à Fundação MacArthur. Mas participam também, embora oficialmente representando 
os Estados Unidos, as Católicas 
pelo Direito de Decidir, o 
IPAS, 
a 
IPPF, 
a 
Planned 
Parenthood of America, filial 
americana da IPPF, e o Alan 
Guttmacher Institute, além 
da própria Gynuity. 
O 
Conselho 
Populacional, pertencente 
às organizações Rockefeller, também participa do CLACAI, mas representando o 
México, e a Fundação 
Pathfinder 
integra 
o CLACAI, mas representando o Perú e o Equador. Representando o Uruguai, um dos 
países com maior número de participantes, figuram, entre outros, a própria 
Universidade 
da Republica do Uruguai e, 
por meio do Sindicato 
Médico do Uruguai, a 
ONG 
que havia sido fundada pelo Dr. Leonel Briozzo para atuar dentro do Hospital 
Pereira Rossell, em Montevidéu. Veja o quadro completo neste 
arquivo:
No 
ano 2005 o governo britânico, ao qual, logo em seguida, se somariam o governo da 
Dinamarca, da Suécia, da Noruega e da Suíça, que são basicamente os mesmos 
governos que estão financiando as atividades do ICMA, constituiu um fundo 
internacional conhecido 
como SAAF (Safe 
Abortion Action Fund), para 
financiar projetos de implantação de serviços de aborto seguro em países em 
desenvolvimento. Para administrar a aplicação do fundo foi chamada a 
multinacional do aborto, a IPPF, proprietária nos Estados Unidos de 
uma rede constituída por mais de 20% de todas as clínicas de abortos do país. A 
IPPF deveria financiar, com o dinheiro do fundo, vários projetos de implantação 
de serviços de aborto seguro em diversos países em desenvolvimento, no valor de 
até 300 mil dólares 
bianuais para cada projeto. No dia 18 de maio de 2007 a IPPF anunciou que o 
Fundo 
para Ações para o Aborto Seguro, através 
de uma comissão de 14 especialistas em aborto, havia decidido liberar 11 milhões 
de dólares em recursos para o financiamento de 
45 projetos em 32 países, com a finalidade de implantar ou estudar a implantação 
de programas de aborto seguro. Veja estas informações no seguinte 
documento:
Em 
2007, o mesmo governo britânico, em parceria com o IPAS e a organização Marie 
Stopes, a maior provedora de clínicas de abortos da Inglaterra, financiou o 
mega-evento conhecido como a Global 
Safe Abortion Conference, 
realizada 
em Londres, para discutir a implantação dos serviços de aborto seguro em todo o 
mundo. O arquivo referente ao evento é
No 
ano seguinte, em 2008, no prédio da prefeitura de Montevidéu, no Uruguai, foi 
realizada uma réplica regional do Congresso de Londres, apenas para operadores 
de saúde 
latino-americanos. O Congresso foi seguido de um curso de alto nível, realizado 
no Hotel Sheraton de Montevidéu, desta vez somente para quinze especialistas, 
selecionados entre os mais de 600 congressistas do primeiro evento, com o 
objetivo de capacitar 
os participantes a iniciar imediatamente programas de abortos seguros em seus 
países de origem:
10. A PROMOÇÃO DO ABORTO NO SEGUNDO 
TRIMESTRE.
Uma 
característica notável em toda a movimentação pelo aborto seguro, no final da 
primeira década do século XXI, está no interesse 
com que seus promotores estão empenhados em difundir a prática do aborto no 
segundo trimestre da gravidez. Estes profissionais afirmam publicamente, por um 
lado, que desejam diminuir o número de abortos, e que estão aconselhando as 
mulheres a não abortar. 
Mas, em março de 2007, poucas semanas antes da mega conferência de Londres, a 
Gynuity reuniu, a pedido da IPPF, sob os auspícios do ICMA, uma outra 
conferência, realizada também em Londres, restrita apenas ao tema do aborto de 
segundo trimestre. Entre 
os participantes havia líderes de vários países da América Latina, como Brasil, 
Colômbia, México e Peru. Representando o Brasil nesta conferência estava o Dr. 
Aníbal Faúndes, o qual mostrou, em sua apresentação, que os exames de ultra-som, 
onde os médicos 
podiam ver
"um feto com traços pessoais demasiadamente 
individualizados",
em conjunto junto com a
"tradição de defender e proteger a vida do 
feto",
estavam 
causando problemas no Brasil para a realização 
de abortos durante o segundo trimestre da gravidez. Segundo Faúndes, uma das 
vantagens da nova estratégia do aborto seguro por meio da auto-medicação das 
mulheres consistia em que este enfoque 
favorecia
"uma abordagem mais positiva relativa ao 
aborto"
no segundo trimestre da gestação. O motivo era 
simples:
"Depois do terceiro mês de gravidez é mais fácil para o 
médico assinar uma receita em vez dele mesmo praticar a cirurgia de extração do 
feto".
O 
seguinte arquivo contém a apresentação de slides realizada 
por Faúndes, nesta ocasião, em Londres:
[Aníbal Faúndes: OFERECENDO ABORTOS DE SEGUNDO 
TRIMESTRE EM SITUAÇÕES LEGALMENTE 
PROIBIDAS:
http://www.medicalabortionconsortium.org/uploads/file/annibal_fundes 
_providing_second_trimester_abortion_icma_conference.pdf]
Este 
outro arquivo fornece uma visão geral de toda a Conferência, voltada 
inteiramente para a promoção do aborto de segundo trimestre:
http://www.medicalabortionconsortium.org/uploads/file/ICMA%20 
Conference%20Report%202007.pdf
A 
partir desta data pode-se facilmente perceber que a promoção 
do aborto de segundo trimestre tornou-se um dos temas mais importantes do site 
do ICMA:
health-and-public-policy.html
http://www.medicalabortionconsortium.org/memorandum-on-the-legality-of-2nd-trimester-abortions-in-the-countries-of-the-world.html
11. A PRESSÃO INTERNACIONAL PARA QUE O GOVERNO 
BRASILEIRO
PERMITA O LIVRE ACESSO AOS MEDICAMENTOS 
ABORTIVOS.
Outro 
sinal preocupante 
sobre o que se pretende fazer é o grau de pressão, inteiramente inusitado, que o 
CLACAI e seus membros estão realizando, pelo menos desde 2009, sobre as 
autoridades sanitárias brasileiras, para que estas liberem completamente a venda 
de drogas abortivas para 
o público.
Em 
junho de 2009, na Conferência 
Latino Americana de Prevenção ao Aborto Inseguro, 
realizada 
em Lima, no Perú, o Dr. Cristião Rosas, do IPAS, afirmava que a Febrasgo 
(Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), 
também presidida por ele, havia recomendado à ANVISA (Agencia Nacional de 
Vigilância Sanitária) que quebrasse as barreiras de acesso das mulheres às 
drogas abortivas, visando permitir a sua venda e distribuição nas farmácias e 
serviços ambulatoriais, ainda 
que sob prescrição médica.
Em 
outubro do mesmo ano a CCR, que representa e continua o trabalho da Fundação 
MacArthur no Brasil, realizou uma Reunião 
Técnico-Científica sobre o Aborto Medicamentoso no Brasil, 
com 
o apoio do Ministério da Saúde, 
para a qual foi convidado um representante da ANVISA. O encontro todo, na 
realidade, foi organizado com o intuito de pressionar aquele representante da 
ANVISA para que a entidade liberasse a venda dos medicamentos abortivos no país. 
O representante afirmou, 
durante sua exposição, que a posição da ANVISA era estritamente técnica, e que 
esta não poderia liberar os medicamentos por colocar em risco a segurança das 
próprias mulheres que iriam usá-los. Durante o debate, se é que este podia ser 
assim chamado, 
o representante declarou estar admirado em ouvir este tipo de pedido por parte 
de uma audiência composta de peritos no assunto, ao mesmo tempo em que não 
compreendia por que os presentes não conseguiam entender seus argumentos. O 
representante da ANVISA foi 
submetido a uma humilhação prolongada e vergonhosa, indigna de uma reunião que 
pretendia intitular-se técnico-científica. Era continuamente interrompido aos 
gritos pelos presentes, acusado de fundamentalismo e de manter aliança com 
forças conservadoras.
O site da CCR publicou posteriormente uma versão bastante mais 
branda do que realmente aconteceu no encontro. Segundo o 
site,
"para 
a diretora da CCR, Comissão de Cidadania e Reprodução, Margareth Arilha, a 
reunião trouxe questões muito sérias, postas no 
tabuleiro de forma grave".
O 
mesmo Cristião Rosas, ainda segundo o site da CCR, que alguns meses antes havia 
se manifestado, em Lima, pedindo à ANVISA a venda dos abortivos sob prescrição 
médica, já 
considerava a própria venda com prescrição médica, 
que 
ele próprio havia solicitado na capital do Perú, 
como 
um caso de ideologia:
"Só 
posso ver um viés ideológico e conservador nas regulamentações restritivas da 
ANVISA ao uso destes medicamentos. A necessidade de prescrição médica para o 
produto é um absurdo 
ao qual a agência não responde".
O 
relatório de 2010 do ICMA afirma, em sua página 14, que no Brasil as 
organizações 
filiadas ao consórcio realizaram, em setembro de 2010, outro encontro do mesmo 
gênero, com suporte do Fundo 
de Atividades Populacionais da ONU, para 
discutir com as autoridades da ANVISA a total liberação da venda de remédios 
abortivos no Brasil:
"A 
Conferência sub-regional 'Simpósio Estratégico sobre a Disponibilidade do 
misoprostol no Brasil' realizou-se em São Paulo no mês de setembro. Esta 
conferência técnica foi organizada pelos representantes nacionais do CLACAI, com 
suporte dos escritórios nacional 
e regional da UNFPA. O encontro reuniu cerca de 15 especialistas nacionais e 
internacionais, incluindo médicos, organizações feministas, especialistas em 
medicamentos, e os representantes do Ministério da Saúde e da Agência Nacional 
de Medicamentos 
(ANVISA). Entre os tópicos
discutidos 
estava a influência conservadora constante que limita o acesso do misoprostol no 
país. Os resultados, em termos do envolvimento dos atuais atores políticos na 
discussão da necessidade de implementar 
o acesso do misoprostol como uma medida chave para a redução do aborto inseguro 
no Brasil".
http://www.medicalabortionconsortium.org/uploads/file/ 
ICMA%202010%20narrative%20Report.pdf
No dia 13 de junho de 2012, logo após as declarações da Ministra 
Eleonora Menicucci sobre a nova política de redução de danos do governo 
brasileiro, a CCR publicou um editorial no qual 
afirmava:
"Desde 
2009, a CCR vem se relacionando com o Ministério da 
Saúde e a Anvisa para problematizar as restrições feitas ao uso do misoprostol 
no Brasil. Foram realizados vários seminários e grupos de trabalho específicos, 
que se reuniram com as instâncias governamentais, a UNFPA, pesquisadores e 
ativistas, enfatizando 
a inadequação das normativas vigentes que restringem o medicamento, que tem 
inúmeras indicações em ginecologia e obstetrícia, e que poderia inclusive ajudar 
a reduzir a mortalidade materna no país. A ANVISA restringe inclusive o acesso a 
informações sobre 
usos do medicamento que não estejam em linha com as indicações de aborto legal, 
obrigando a circulação apenas em âmbito 
hospitalar.
A 
CCR participa do Consórcio Latino Americano para Redução do Aborto Inseguro e 
apóia o livre acesso à educação, para que 
as mulheres recebam a informação correta sobre riscos e métodos seguros para o 
uso dos misoprostol e suas escolhas reprodutivas. Com a aproximação da política 
de redução de danos ao aborto, anunciada pela Secretaria Especial de Políticas 
para as Mulheres 
e pelo Ministério da Saúde, o país terá que enfrentar a restrição para uso 
apenas hospitalar do 
misoprostol".
As 
manobras do CCR, membro do CLACAI, porém, não se limitaram à simples intimidação 
em congressos e editoriais. Em junho de 2012 a CCR denunciou a ANVISA, por 
violação do direito à saúde, ao Comitê 
de Direitos Humanos da ONU em 
Genebra, por não permitir a livre 
venda e distribuição de abortivos no Brasil. O texto completo da denúncia está 
neste documento:
http://lib.ohchr.org/HRBodies/UPR/Documents/session13/BR/CCR_UPR 
_BRA_S13_2012_ComissaodeCidadaniaeReproducao_E.pdf
12. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE COLOCA OS 
ABORTIVOS
NA LISTA DE MEDICAMENTOS 
ESSENCIAIS.
Quando 
a Fundação Rockefeller decidiu implementar a contracepção de emergência a nível 
mundial, uma das principais 
preocupações era a imediata inclusão dos fármacos utilizados para este fim na 
lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde, e a sua 
aprovação nos departamentos de saúde dos vários 
países.
A 
mesma coisa se repetiu no caso do aborto 
seguro. Na realidade, chegou-se ao requinte de terem sido criadas duas novas 
organizações, a VSHD (Venture 
Strategies for Health Development), fundada 
em 2001, com sede na California e parceria com a Escola de Saúde 
Pública
da 
Universidade 
da Califórnia em Berkeley, e a VSI (Venture 
Strategies Innovations), criada 
em 2008, esta com sede não apenas na Califórnia, mas também na Etiópia e na 
Tanzânia.
A 
VSHD foi fundada em 2001 pela Population 
and Development International, uma
organização supostamente dedicada à erradicação da pobreza na Ásia, 
que conta entre seus financiadores não apenas as grandes fundações (Gates, 
Rockefeller, Ford), mas também a própria IPPF.
O 
objetivo principal da fundação da VSHD era a obtenção do registro 
dos medicamentos abortivos junto às autoridades sanitárias de todos os países da 
África e da Ásia, inicialmente apenas para fins de controle de hemorragia 
pós-parto. O objetivo foi alcançado, pela primeira vez, na Nigéria, em 2006, 
após o que seguiram-se 
rapidamente a Tanzânia, Zâmbia, Bangladesh e 
Nepal.
A segunda atividade da VSHD é o ativismo para a conscientização da 
comunidade política dos países em 
desenvolvimento
"do 
imperativo e da viabilidade da redução do crescimento populacional dentro do 
contexto 
de uma política voluntária de direitos 
humanos".
A 
urgência para o reconhecimento das drogas abortivas nos países africanos e 
asiáticos 
fez com que a própria VSHD criasse, em 2008, a sua filial VSI, esta com sede na 
Califórnia, na Etiópia e na Tanzânia. A VSHD se destinaria exclusivamente à 
aprovação e ao registro dos medicamentos abortivos nos países em 
desenvolvimento:
"O 
maior programa da VSI é a promoção do acesso do misoprostol para a saúde 
materna. No momento estamos trabalhando em 14 países construindo sobre os 
esforços iniciados pela nossa organização de origem e atual parceira, a Venture 
Strategies for Health and Development 
(VSHD). Os fundadores do VSHD elaboraram um modelo para permitir o acesso a 
tecnologias de impacto em larga escala e o codificaram na criação de uma nova 
organização, a VSI, fundada em 2008, como organização 
independente".
O 
maior problema, porém, era a inclusão do misoprostol na Lista de Medicamentos 
Essenciais da Organização Mundial da Saúde. A maioria dos países mais pobres não 
possuem quadros técnicos 
suficientes para elaborarem e atualizarem suas próprias listas de medicamentos e 
seguem, com pouca capacidade crítica, as indicações da Organização Mundial da 
Saúde. A inclusão dos abortivos na lista da OMS possui uma longa 
história.
A 
Lista de Medicamentos 
Essenciais da OMS iniciou-se em 1977 e, desde então, tem sido atualizada a cada 
dois anos. A décima terceira edição, de 2003, não mencionava o medicamento. A 
14a 
edição, de 2005, e a 15a 
edição, de 2007, apenas mencionam a existência do misoprostol, 
sem, porém, fornecerem uma indicação para o seu 
uso.
Já 
a 16a edição, de 2009, menciona o misoprostol e aponta seu uso 
"para 
o tratamento do aborto incompleto e da menstruação", 
acrescentando, 
porém, a expressão "onde 
for permitido pela lei e onde for 
culturalmente aceito". O 
relatório do 17° Comitê de Peritos da OMS de 2009 mostra que o pedido formal 
para a inclusão de uma cláusula indicando a utilização do misoprostol 
"para 
tratamento do aborto incompleto de primeiro trimestre" 
foi 
uma iniciativa da 
Gynuity.
Deve-se 
notar, entretanto, no texto final aprovado, que a palavra 
'onde', 
na 
redação da expressão "onde 
for permitido pela lei e onde for culturalmente aceito", 
está 
manifestamente repetida por duas vezes, o que sugere ao leitor que os autores da 
lista quiseram dar a entender que a palavra 'e', 
na 
realidade, deveria ser interpretada como 'ou'. 
Assim, 
neste sentido, a OMS estaria sutilmente insinuando que, ainda que fosse 
legalmente proibido, o misoprostol poderia ser utilizado, 'se 
fosse 
culturalmente aceito', para 
o 'tratamento 
da menstruação'. O 
termo 'tratamento 
da menstruação' é 
outro termo ambíguo, que oculta mais sutilezas de linguagem. Em vários países 
onde o aborto 
é ilegal já foram vendidas comercialmente drogas abortivas, com diversas 
indicações constantes na bula, uma das quais sendo 
'o 
reestabelecimento da menstruação, em casos de gravidez', 
o 
que, evidentemente, não pode ser entendido senão como uma referência 
à prática do aborto. Ademais, a expressão 'onde 
for permitido pela lei e onde for culturalmente aceito' 
não 
é um padrão da OMS. A expressão nunca foi utilizada, em nenhuma edição da lista, 
para nenhum outro medicamento. A expressão foi utilizada, entretanto, 
em conjunto com a citação do misoprostol, nas listas de 2005 e 2007, nas quais 
apenas se mencionava a existência da droga, mas não a sua finalidade. Isto 
mostra que os redatores das edições anteriores já sabiam que a droga estava 
sendo incluída na lista 
de medicamentos essenciais para introduzir, no futuro, a prática do 
aborto.
Mas 
o verdadeiro problema das listas da OMS estava em que, tanto nas edições de 2005 
e 2007, como também 
na de 2009, o misoprostol aparecia na lista de medicamentos complementares, e 
não na própria lista principal. Isto dificultava o lobby das organizações não 
governamentais junto aos governos dos países pobres, no sentido de forçar os 
sistemas de saúde a utilizarem 
o medicamento.
Foi 
a Gynuity, em conjunto com a VSHD, quem surgiu com a solução do problema e 
apresentou, em março de 2009, à reunião do 17° Comitê de Peritos da OMS, uma 
proposta de transferência do misoprostol da lista complementar para a lista 
principal, com base na alegação de que a ingestão da droga poderia atuar 
preventivamente no organismo feminino, impedindo a hemorragia pós-parto, uma das 
principais causas de mortalidade materna nos países 
pobres.
O 
17° Comitê de Peritos da OMS, que iria elaborar a 16a edição da lista, rejeitou 
o pedido conjunto da Gynuity 
e da VSHD. A justificativa alegada pela OMS foram as evidências que mostravam 
que o misoprostol não havia sido mais eficiente do que os placebos para prevenir 
a hemorragia pós-parto, e que, ademais, o misoprostol, quando assim utilizado, 
apresentava 
sérios riscos de produzir calafrios e febre, além de haver 
"uma 
preocupação não resolvida sobre a possibilidade de aumento da mortalidade 
materna". Os 
termos podem ser conferidos nas páginas 43 do Relatório do 17° Comitê de Peritos 
da OMS e 87 do Relatório 
do 18° Comitê de Peritos:
A 
vitória da Cultura da Morte foi alcançada, finalmente, na 17a edição da Lista de 
Medicamentos Essenciais. Novas evidências foram indicadas, não no sentido de que 
o misoprostol fosse realmente mais 
eficiente do que já havia sido anteriormente reportado, mas no sentido de que 
ele não apresentaria riscos à saúde da mulher se fosse usado para prevenir a 
hemorragia pós-parto. O 18° Comitê de Peritos da OMS então decidiu que o 
medicamento poderia ser promovido 
para a lista principal de medicamentos essenciais da OMS. Na página 8 do 
Relatório do 18° Comitê, os peritos 
afirmam:
"As 
novas evidencias submetidas ao Comitê mostram que o misoprostol pode ser 
administrado com segurança às mulheres 
para prevenir a hemorragia pós parto, mas isto somente deveria ser feito onde 
outros fármacos não estejam disponíveis ou não possam ser usados com segurança. 
A orientação da OMS é no sentido que o misoprostol possa ser usado para prevenir 
a hemorragia 
pós-parto somente nas situações em que não há outras terapias disponíveis. O 
misoprostol, ademais, não deve ser utilizado para tratar uma hemorragia, a menos 
que não existam outras opções 
disponíveis".
A 
17a edição 
da Lista de Medicamentos Essenciais da OMS, de 2011, colocou desta vez o 
misoprostol na lista principal com as seguintes indicações de 
uso:
"Para 
tratamento do aborto incompleto e da menstruação, e para a prevenção da 
hemorragia pós 
parto, onde outros medicamentos não estejam disponíveis ou não possam ser 
utilizados com segurança. Para indução do parto, apenas onde outros recursos 
adequados não estejam 
disponíveis".
A 
promoção do misoprostol à lista principal de medicamentos essenciais da OMS foi 
recebida com entusiasmo pelas ONGs internacionais. Segundo anunciado no site da 
Venture 
Strategies Innovations,
"O 
18° Comitê de 
Peritos da OMS incluiu o misoprostol para prevenir a hemorragia pós-parto na sua 
lista modelo de medicamentos essenciais. Devido à prioridade colocada na saúde 
da mulher, isto significa que o misoprostol será movido da Lista Complementar 
para a Lista Principal, 
o que irá exigir que os governos busquem este importante medicamento para a 
saúde de suas populações como parte dos recursos básicos de seus sistemas de 
saúde. Muitos países constroem suas próprias listas de medicamentos essenciais 
com base nesta lista 
da OMS.
Trata-se 
de uma notícia explosiva para a saúde da mulher e que consolida o papel do 
misoprostol para tornar os cuidados infantis cada vez mais seguros. Como 
co-autores, em parceria com a Gynuity, do formulário que possibilitou esta 
conquista, sentimo-nos 
enormemente orgulhosos por esta realização e pelo quanto ela irá salvar vidas em 
todo o globo".
É 
impressionante o quanto estas organizações pressupõem, para o sucesso de suas 
atividades, a completa alienação do povo e das autoridades públicas. Todo o 
currículo da Gynuity está ligado à promoção do aborto e não à prevenção da 
hemorragia das mulheres. E, 
na hipótese de que ela estivesse realmente preocupada com as hemorragias, 
não 
o faria entregando-se ao trabalho tão estafante de aprovar um medicamento que 
todas as evidências indicam não ser mais eficiente do que um placebo. 
A 
Gynuity conseguiu promover 
um medicamento, sabidamente criado desde seus primórdios apenas para provocar 
abortos e matar seres humanos, à lista principal de medicamentos da OMS, 
alegando um efeito preventivo que os próprios examinadores não conseguiam 
distinguir dos efeitos de um placebo, 
apenas para que, iludidos pela lista, os países pobres pudessem ser coagidos a 
comprá-lo em grande quantidade. Uma vez estando o medicamento aprovado e 
amplamente disponível para uma finalidade inútil, seria mais fácil coagir os 
mesmos países a aplicá-los 
em serviços de aborto seguro. A Gynuity nunca se preocupou com as hemorragias 
pó sparto 
das mulheres. Sua preocupação declarada, desde o início, foi com a difusão do 
aborto, por meio de auto-medicação, nos países onde a prática 
não estava legalizada. Seus participantes estão claramente preocupados em 
facilitar e promover a prática do aborto no segundo trimestre, e não em 
diminuí-la. A Gynuity foi fundada, ademais, por uma organização chamada 
Population 
Council, a 
qual também nunca 
se preocupou com qualquer direito das mulheres. O 
Population 
Council sempre 
buscou o aborto como meio de reduzir o crescimento populacional do planeta. 
Quando estas organizações nos falam em 'tornar 
os cuidados infantis mais seguros, evitar as hemorragias 
pós parto, salvar vidas em todo o globo' 
, 
dificilmente será possível encontrar, em algum lugar, um maior exemplo de 
hipocrisia do que este discurso.
13. O INSTITUTO BILL E MELINDA GATES DE POPULAÇÃO E 
SAÚDE REPRODUTIVA.
No 
início do século XXI a 
comunidade mundial que trabalha na área populacional recebeu novos recursos em 
grande quantidade, que alguns têm comparado aos dos anos dourados da década de 
70, quando o trabalho do Escritório de População da USAID era fortemente 
subvencionado pelo Congresso 
Americano. Outros sustentam que os novos recursos, embora vultosos, efetivamente 
não aumentaram, mas a sua propaganda estaria impulsionando os novos programas de 
planejamento familiar como nunca. Os novos recursos, apontados por uns, ou o 
novo impulso, 
apontado por outros, começaram a surgir quando a Fundação Bill Gates passou a 
interessar-se pelo tema do Planejamento Familiar e criou, em 1999, o Instituto 
Bill e Melinda Gates de População e Saúde Reprodutiva, junto à Escola de Saúde 
Pública da Universidade 
John Hopkins.
Bill 
e Melinda Gates afirmam que seu interesse é o de promover o planejamento 
familiar e não o aborto, mas as pessoas e as organizações que os circundam não 
condizem com esta afirmação. O atual diretor do Instituto Gates de População 
é 
o professor Duff Gillespie, ex diretor do Escritório de População da USAID e 
que, já nos anos 70, trabalhava na USAID sob a coordenação do Dr. Reimert 
Ravenholt, o médico que patrocinou o desenvolvimento das primeiras drogas 
abortivas, que treinou médicos 
em procedimentos de abortos legais e ilegais, que distribuiu aparelhos de sucção 
para a prática de abortos e que, em parceria com a Universidade John Hopkins, 
habilitou profissionais da saúde na prática da esterilização forçada em 
praticamente todos os países 
do mundo em desenvolvimento. Ainda recentemente, em uma entrevista de 2003, o 
professor Gillespie, atual diretor do Instituto Gates, afirmou que Ravenholt 
"era 
um grande homem e o que ele realizou foi fenomenal". 
Grande 
parte das organizações que trabalham 
em parceria com o Instituto Gates ou que dele recebem recursos são os atores que 
hoje estão envolvidos na promoção do aborto seguro em escala mundial e que 
encontraram, no grande impulso que os serviços de planejamento familiar estão 
recebendo da Fundação 
Gates, a fachada e o veículo para a implantação dos serviços de aborto seguro 
que os promotores da contracepção de emergência haviam encontrado, nos anos 90, 
na indústria farmacêutica.
Entre 
29 de novembro e 2 de dezembro de 2011 o Instituto Gates de 
População patrocinou a Segunda 
Conferência Internacional de Planejamento Familiar, 
realizada 
em Dakar, no Senegal. A Conferência recebeu mais de 2000 participantes e foi 
financiada por mais de 30 organizações, além do próprio Instituto Gates. Muitas 
destas 
organizações estão fortemente comprometidas com a implantação mundial do aborto 
seguro, como a UNFPA, a USAID, o Banco Mundial, a Fundação Packard, o Instituto 
Allan Guttmacher, a IPPF, o IPAS, a Marie Stopes, a Fundação Pathfinder, o 
Conselho Populacional, 
a Organização Mundial da Saúde e outros.
No 
dia 2 de dezembro de 2011, o último dia do encontro, estas organizações 
usaram o Congresso para publicar uma "Declaração 
de Apoio a uma Campanha Global para o Acesso ao Aborto Legal". 
A 
idéia básica da declaração, assinada pelo ICMA e seus quatro consórcios 
regionais, incluindo o CLACAI, pela Gynuity, pela IPPF, pelo IPAS, pela 
Fundação Pathfinder, pelo Population Council, pelo VSHD, pelo VSI e por outros, 
era de que, para 
poder promover a disseminação imediata dos serviços de aborto seguro, tais 
serviços deveriam passar a fazer parte integrante dos serviços de planejamento 
familiar, 
já reconhecidos, aceitos e em nova fase de franca expansão em todo o mundo, 
graças 
aos recursos disponibilizados pela Fundação Gates e pelo Instituto Bill e 
Melinda Gates de População.
A 
representante do IPAS declarou, a este respeito, que os participantes 
da conferência reconheceram que
"existe 
um vínculo essencial entre o aborto e o planejamento familiar, e que está dentro 
do poder de ação dos provedores de programas de planejamento familiar assegurar 
que toda mulher que experimenta uma gravidez 
indesejada receba aconselhamento e, caso deseje interromper a gravidez, seja 
encaminhada a um serviço de aborto seguro, se possível, nas mesmas 
dependências".
Na Declaração podia-se ler:
"A 
necessidade de integrar o aborto seguro dentro dos programas de 
planejamento familiar em um contexto de saúde e direitos sexuais e reprodutivos 
abrangentes foi um tema recorrente na Conferência Internacional de Planejamento 
Familiar de 2011. A atenção ao aborto e os serviços de planejamento familiar 
estão interligados, 
ambos são componentes integrais de uma concepção abrangente de saúde e direitos 
sexuais e reprodutivos da mulher. O aborto tem sido sistematicamente 
negligenciado em muitas estratégias e programas de saúde e direitos sexuais e 
reprodutivos. Exigimos a inclusão 
de atenção acessível e de alta qualidade para o aborto em todos os programas de 
planejamento familiar. Esta declaração foi preparada pelas redes e agências 
participantes da Conferência Internacional de Planejamento Familiar de 2011 que 
estão trabalhando 
para impulsionar uma campanha global para o acesso ao aborto 
seguro".
http://www.womendeliver.org/updates/entry/a-declaration-in-support-of-a-global-
campaign-for-safe-abortion-access/
O 
ICMA aproveitou o ambiente criado pela Declaração e decidiu utilizar, em maio de 
2012, toda a estrutura internacional que estava sendo construída sob sua 
coordenação, há quase uma década, para desencadear uma ofensiva fulminante 
com o objetivo de obter a imediata implantação de uma rede de serviços de aborto 
seguro a nível mundial, sem necessidade de prévia aprovação legal, inseridos e 
apresentados como um aspecto dos serviços de planejamento familiar. Tratava-se 
de repetir 
a estratégia já desenvolvida no caso da contracepção de emergência, quando os 
serviços foram apresentados como algo inteiramente novo, o que de fato não eram, 
e como uma iniciativa da indústria farmacêutica que acabava de descobrir uma 
nova tecnologia, 
cujo avanço seria um destino inevitável da história, quando na verdade a 
indústria farmacêutica relutava há trinta anos em tomar qualquer decisão nesta 
área e toda a iniciativa era, na realidade, das organizações Rockefeller. A nova 
racionalização do aborto, 
apresentada agora sob a ótica do aborto seguro e de uma política de redução de 
danos, permitiria, assim como no caso da contracepção de emergência, que as 
várias organizações envolvidas negassem, em uníssono, quando qualquer objeção 
fosse levantada, que 
o que estivesse sendo implantado fosse realmente o aborto. O discurso seria, em 
vez disso, que o que estaria sendo feito seria, na verdade, apenas uma política 
de saúde para 
evitar o aborto. O 
resultado
final 
esperado seria idêntico 
ao obtido no caso dos DIUs e da contracepção de emergência: mesmo onde houvesse 
a majoritária resistência da população contra o aborto, os serviços de abortos 
seguro deveriam tornar-se tão banais como inserir um DIU ou tomar uma pílula do 
dia seguinte, e 
deveria ser tão desgastante acusar a nova política de estar construindo uma 
estratégia para implantar o aborto quanto afirmar que os DIUs e a pílula do dia 
seguinte fossem abortivos.
No 
dia 3 de maio de 2012 o ICMA enviou uma carta aos seus associados, para 
anunciar, como decisão tomada por 26 organizações presentes em um encontro 
realizado, em abril de 2011, em Londres, o estabelecimento de uma campanha 
mundial a ser coordenada, durante os primeiros três anos, pelo próprio ICMA. A 
campanha pedia a ação imediata 
e simultânea de todos os associados do consórcio para implantar, através dos 
serviços locais de planejamento familiar, o aborto seguro em todo o mundo, 
desarticulando 
a influência do movimento a favor da vida mediante a multiplicação de 
declarações 
que trouxessem de volta a questão do aborto à perspectiva de uma decisão moral 
individual. A 
carta vinha acompanhada de um formulário de adesão para cada organização. Este 
formulário ficou disponível na Internet porque a campanha foi idealizada para 
ser aberta 
não apenas aos membros do ICMA, mas também a
"toda a sociedade civil, grupos, organizações, redes e 
indivíduos que subscrevam seus 
objetivos".
Eis 
um resumo 
da carta:
"INTERNATIONAL 
CAMPAIGN FOR WOMEN'S RIGHT TO SAFE ABORTION 3 
de maio de 2012
Esta 
carta épara anunciar uma nova campanha internacional pelo direito das mulheres 
ao aborto seguro, que foi lançada muito discretamente no começo deste ano após 
um ano 
de discussões e consultas com muitos promotores do direito ao aborto em todo o 
mundo.
Há 
muitas organizações trabalhando internacionalmente para implementar o acesso das 
mulheres aos serviços de aborto seguro. Quase todas com que falamos acreditam 
que há 
uma crescente necessidade de vincular e combinar nossos esforços para assegurar 
o direito ao aborto seguro em todos os nossos países. Há um consenso de que 
necessitamos um movimento internacional para desafiar a ameaça crescente que 
estamos presenciando por 
parte das forças conservadoras políticas e religiosas, que estão buscando 
atrasar o relógio, bloquear os esforços para implementar leis e disponibilizar 
serviços e excluir o aborto das iniciativas de redução da mortalidade materna e 
planejamento familiar.
Em 
anexo a esta carta podem ser encontrados os documentos contendo os propósitos, 
os objetivos e os princípios diretores da campanha, que foram redigidos e 
aprovados pelo primeiro encontro de planejamento da campanha, realizado em 
Londres, nos dias 20 
e 21 de abril, com a participação de 26 promotores do direito ao aborto da 
índia, Malásia, Paquistão, Filipinas, Quênia, Moldova, Polônia, Portugal, 
Romênia, Rússia, Suíça, Reino Unido, Argentina, Colômbia, República Dominicana, 
México, Porto Rico e Estados 
Unidos, que estão trabalhando em nível nacional, regional e internacional. Os 
participantes do encontro pediram ao ICMA que coordenasse a campanha, 
inicialmente por um período de três 
anos.
O 
encontro decidiu que o foco primário da 
campanha será a construção da capacidade reivindicatória para o direito ao 
aborto seguro a nível nacional, porque as mudanças somente poderão acontecer a 
nível dos países. Concordamos também em motivar e assessorar as redes regionais 
organizadas por promotores 
nacionais e regionais, planejar e coordenar atividades conjuntas, colaborar em 
iniciativas existentes e criar outras novas. Finalmente, concordamos em atuar 
juntos para promover a legitimidade do direito ao aborto seguro em todos os 
fóruns internacionais 
que tratam da saúde da mulher e de direitos humanos, incluindo os que irão 
revisar os Objetivos do Milênio, a Conferência sobre População, a Conferência de 
Pequim, a iniciativa da Secretaria Geral da ONU sobre saúde materno-infantil, e 
as iniciativas 
pela maternidade segura e planejamento 
familiar.
Temos 
como objetivos, [entre outros]: (a) unir grupos, redes, movimentos e 
organizações de todo o mundo para trabalharmos juntos nesta campanha, 
colaborando em iniciativas existentes e criar outras novas; (b) 
construir parcerias estratégicas com profissionais de saúde, governos, 
representantes de ministérios e agências da ONU e de direitos humanos; (c) 
promover a legitimidade do direito ao aborto seguro em todos os fóruns 
internacionais que tratam da saúde e 
dos direitos da mulher; (d) promover a consciência pública da necessidade do 
aborto seguro para a mulher, para aumentar o entendimento e o apoio popular; (e) 
desenvolver e divulgar mensagens direcionadas a deter a influência do movimento 
contra o direito 
de decidir e retomar a perspectiva do aborto como uma decisão 
moral".
A 
adesão 
internacional foi imediata.
[Euro NGOs associate members, partners and colleagues 
endorse campaign:
http://www.eurongos.org/Default.aspx?ID=29818&M=News&PID=194894&NewsID=4001]
[Post Abortion Care Consortium endorses 
campaign:
http://www.pac-consortium.org/...ortium/27-letters-to-consortium/34-international-campaign-for-women-s-right-to-safe-abortion]
14. O GOVERNO BRASILEIRO INICIA A OFENSIVA 
INTERNACIONAL.
Foi 
exatamente um mês após o lançamento, pelo ICMA, da Campanha Internacional pelo 
Direito das Mulheres ao Aborto Seguro, que o governo brasileiro declarava, 
através do Secretário de Atenção à 
Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, 
que
"o 
Sistema de Saúde brasileiro passará a acolher as mulheres que desejam fazer 
aborto e orientá-la sobre como usar corretamente os métodos existentes para 
abortar. Centros de aconselhamento indicarão quais 
são, em cada caso, os métodos abortivos mais seguros do que 
outros",
e também, através da Ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria das 
Políticas das Mulheres, que
"somente 
é crime praticar o próprio aborto, mas que o governo entende que não é crime 
orientar uma mulher sobre como praticar o 
aborto".
Tudo 
isto é uma vergonha para a nação e para seus eleitores que votaram em 
governantes que, se aqui não estivesse envolvido um genocídio, estariam se 
submetendo ao ridículo ao se oferecerem 
com tanta ingenuidade para desempenhar publicamente o papel da mentira e da 
hipocrisia.
Obviamente 
não é o governo brasileiro que entende que orientar a mulher sobre como praticar 
o aborto não é crime, mas é a Fundação 
Rockefeller e suas associadas que assim o entendem, e que assim o querem impor. 
Utilizam e escondem-se atrás do governo brasileiro, fazendo-o apresentar como 
suas estas palavras ao povo, mesmo tendo conhecimento que o governo tem perfeita 
consciência de que, 
não importa de onde venha o discurso, o povo pensa exatamente o contrário. E 
sabendo também que tudo isto, do ponto de vista político, exigirá um custo 
muitíssimo elevado. Eleitos para representar o povo, nossos governantes são 
docilmente manobrados por 
organizações internacionais que tem outra agenda a cumprir, e que não se 
importam, para atingir suas metas, não apenas em não respeitar povos e nações, 
mas em editar o próprio conteúdo dos Direitos 
Humanos.
Precisamos 
da instalação imediata de uma Comissão 
Parlamentar de Inquérito que mostre a toda a nação quem, e por quais interesses, 
está realmente financiando a promoção do aborto no 
Brasil.
15. 
CONCLUSÃO.
O 
gigantismo de toda a estratégia aqui descrita, em conjunto com a necessidade de 
ser executada 
através do recurso a práticas anti-democráticas, que somente podem obter sucesso 
pelo engano e pela ocultação da verdade, com o silêncio e a cumplicidade da 
imprensa, é a prova viva da fragilidade de todo este projeto. Nas guerras é 
sempre a parte mais 
fraca que, para vencer, necessita recorrer a modos de ação que, essencialmente, 
somente podem obter êxito porque planejados para forçar a obtenção de uma 
posição através de um assalto oculto. Quando limitado ao jogo limpo e 
democrático, como já é amplamente 
manifesto para brasileiros e hispano-americanos, a promoção do aborto 
inevitavelmente perde.
Desconsiderando 
as lições óbvias da História, que 
ensina que as verdades evidentes não podem ser ocultadas eternamente, 
as 
grandes fundações que promovem o aborto 
no mundo ainda não compreenderam que estão travando uma guerra que, em última 
análise, já está perdida desde o início. Se esta afirmação não é imediatamente 
evidente para todos, isto se deve apenas à quantidade de recursos gastos em sua 
propaganda e ao 
fato de que, devido ao próprio modo como a ofensiva está sendo conduzida, os que 
defendem a vida humana ainda não tiveram o tempo suficiente para compreender a 
verdadeira natureza da batalha que estão 
travando.
As 
organizações que promovem o aborto, para 
que possam alcançar em definitivo seus objetivos, precisariam vencer três 
obstáculos, todos eles praticamente 
inatingíveis:
(1)   ocultar 
de todo o povo o constante avanço da ciência;
(2)   negar 
a natureza da mulher e
(3)   destruir 
a Igreja Católica.
A 
ciência tem mostrado, em primeiro lugar, através de seus avanços, para todos e 
cada vez mais manifestamente, que existe vida humana antes do nascimento. Para 
que a Cultura da Morte pudesse triunfar, seria necessário ocultar este fato de 
todos, o tempo todo. 
Porém isto é algo que, a cada dia, torna-se cada vez mais impossível. 
A 
promoção do aborto exige negar os avanços da 
ciência.
O 
aborto, em segundo lugar, agride a natureza da mulher, justamente porque o 
nascituro é um ser humano, 
um fato cuja ocultação atualmente tornou-se impossível. A maioria das mulheres 
que praticaram o aborto arrepende-se amargamente de tê-lo feito, o que mostra 
que o praticaram enganadas por uma propaganda falsa e que agiram contra si 
mesmas ao fazê-lo. A 
promoção 
do aborto exige negar a natureza da 
mulher.
Em 
terceiro lugar, a Igreja Católica, uma instituição milenar, entre as mais 
antigas da história, jamais abandonará a oposição ao aborto. Na questão do 
aborto, ademais, se a evidência da ciência e a maioria 
das mulheres estão ao lado da Igreja, a própria insistência na promoção do 
aborto somente conseguirá fortalecer cada vez mais a posição da Igreja. 
Para 
que a Cultura da Morte possa triunfar, seria necessário extinguir a Igreja 
Católica, um objetivo sonhado 
por 
muitos dos maiores ditadores da história, mas 
até o momento jamais alcançado.
Qualquer 
comissão de peritos que examinasse imparcialmente a apresentação de um projeto 
que, para obter sucesso em suas metas, tivesse 
que ocultar permanentemente da humanidade os desenvolvimentos da ciência, negar 
a natureza das mulheres e destruir a Igreja Católica, deveria concluir que, 
independentemente dos recursos e do conteúdo do projeto, tal iniciativa possui 
uma probabilidade de 
êxito praticamente nula.
Se o projeto já tivesse iniciado suas atividades e, durante algum 
tempo, estivesse produzindo resultados, à custa de investimentos cada vez 
maiores e de estratégias crescentemente desproporcionais, seu aparente sucesso 
deveria ser 
atribuído ao fato de que, provavelmente devido ao próprio modo pelo qual está 
sendo executado, os cientistas, as mulheres e os eclesiásticos ainda não tiveram 
o tempo suficiente para compreender toda a extensão do que realmente está 
acontecendo e poder 
trazer toda a iniciativa à luz do 
dia.
 
