In Destak
Para que é que a gente quer um papa? É curioso que, no meio de tantos debates à volta da renúncia de Bento XVI, ninguém se incomode em fazer esta pergunta básica que, no entanto, é indispensável. Aliás, se a tivessem feito teriam sido evitados muitos dos disparates que se ouvem por aí.
Será que queremos um papa para ele nos dizer o mesmo que nós achamos? Uma grande quantidade de pessoas parece convencida disso. Estão muito indignados porque o Papa não concordar com eles em vários assuntos, da ordenação das mulheres ao aborto, do casamento homossexual ao modo de celebrar a missa. Mas se fosse para isso que quiséssemos um papa, então ele não era preciso. Bastaria abrir o jornal e ligar a televisão e ficávamos a saber esses palpites, que qualquer pensador das avenidas distila sem dificuldade.
O único valor do Papa é ser representante de Cristo. É ser neste mundo a presença de algo diferente, sublime, transcendente. Não admira que nem sempre concordemos com ele. Mas é importante lembrar que o vigário de Cristo é ele, não o comentador de ocasião. Todas as vezes que os oradores nos veiculam as suas opiniões, muito dignas e respeitáveis, devemos ser ter em conta que o Papa é outro.