quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Hospital em plena guerra total - por Nuno Serras Pereira



26. 09. 2013

Se a memória não me atraiçoa, é no livro de Esdras, da Sagrada Escritura, que se narra uma coisa extraordinária, sobre a qual o jesuíta P. António Vieira disserta admiravelmente, aquando da reconstrução do Templo de Jerusalém, a saber, que os construtores trabalhavam tendo numa das mãos uma ferramenta e na outra uma espada, por mor dos inimigos assanhados. 


A reconstrução do Santuário, como já mostrei em outro texto, significa o abraço “terapêutico”, a reparação interior, a cura das feridas graves, as altas glicémias provocadoras de comas diabéticos, os elados colesteróis responsáveis por uma multidão de mortes cardíacas e avc’s. A espada desembainhada significa a Palavra de Deus, o próprio Jesus Cristo, sob cuja bandeira (os Exercícios Espirituais de Santo Inácio têm uma semana inteira dedicada à meditação das duas bandeiras, sendo que uma é de Cristo e a outra de satanás. A Igreja peregrinante é uma milícia, isto é, um povo em guerra, um exército de combatentes), incutidos de Seu Espírito, ‘combatemos o bom combate da Fé’.


Como desde há mais de 3 décadas tenho estudado e andado envolvido nestas andanças da defesa da vida, do matrimónio e da família posso testemunhar que em plena guerra há hospitais de campanha que curam os feridos com uma das mãos enquanto com a outra pelejam bravamente, com uma desproporção desmesurada de forças, pela conversão dos inimigos que implacavelmente os acometem. Estes cristãos heróicos e santos são ameaçados de morte, perseguidos, espancados, injuriados, escarrados, ridicularizados, repreendidos, traídos, assediados sexualmente, abusados, enxovalhados, presos aos milhares - não invento nada, tudo isto está amplamente documentado. Esta gente abatida, como ovelhas sem Pastor, raramente encontram quem as respeite, as console, as anime, encoraje; pelo contrário, daqueles de quem seria de esperar conforto e confirmação… Jesus Cristo, esse, consolava e animava os Seus.


Quando um dia se fizer a história imparcial destes acontecimentos actualmente minimizados, ignorados e mesmo censurados, a Igreja e o mundo serão tomados de um enorme espanto. Então se saberá a quantidade de pessoas feridas e moribundas que foram atendidas e tratadas, o impressionante número de conversões de pecadores da pior espécie, a copiosa quantidade daqueles que assim se santificaram e o verdadeiramente admirável progresso ecuménico operado por esta singular e missão e apostolado. À honra glória de Cristo. Ámen.