terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Infovitae, uma gente pouco recomendável


Nuno Magalhães Guedes
11 de Janeiro de 2009

Nos útimos dez anos, a equipa responsável pela publicação do Infovitae tem-me complicado a vida.

Não poucas vezes tenho rogado pragas ao seu Director e respectivos Adjuntos, aos Editores-chefe das várias secções, aos Teólogos residentes, aos Consultores externos, à bateria de Tradutores especializados, aos Técnicos de informática e aos indispensáveis Assistentes administrativos.

Apesar de todas as indicações em contrário, não será só defeitos, concedo. Possivelmente será tudo gente até com o seu quê de estimável. Mas a coberto de eventuais boas intenções, têm perturbado muitos dos meus dias. Isso acontece em tantas ocasiões que, ao abrir os mails, a minha primeira reacção é sempre: «Olha lá estão aqueles chatos do Infovitae! O melhor é apagar já, sem ler. E passar a tarefas mais importantes.»

Mas acaba por haver qualquer coisa que me faz espreitar, tipo «deixa lá lá ver se estou a perder alguma novidade de jeito». Cedo à curiosidade em momento de fraqueza, dou por mim a ler aquilo tudo, e depois lá vai a produtividade por água abaixo. A seleccionar os artigos que vale a pena conservar, a imprimir um ou outro que mereça releitura posterior mais atenta, a reenviar um texto para as pessoas a quem julgo que mais possa interessar, outro para outras, a seguir os links recomendados, etc.

Tudo a exigir esforço e tempo. E a minha vida a complicar-se.

Mas o pior não é isso. O pior é a provocação, a linguagem chocante. O pior é o que aquela selecção cuidada de informação causa em mim. Surpresa, preocupação, raiva, indignação. Ou conforto, consolação, alegria. Ou mais curiosidade, discernimento, resolução. Ou vontade de rezar ou de aprofundar o tema e saber mais sobre o assunto.

De uma ou de outra forma, raramente fico na mesma. O labor insensato da numerosa equipa do Infovitae, protegida por um suspeito anonimato, tem o condão de me inquietar, de me confrontar, de me desinstalar.

E isso complica a minha vida, de facto. Chego até a desconfiar que seja mesmo um dos objectivos inconfessados dessa gente pouco recomendável.