segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Pedro Afonso sobre os 10 anos do Infovitae


Já há muito tempo que a defesa da vida, desde a concepção até à morte natural, não se enquadra nas causas politicamente correctas. O espaço público é cada vez mais dominado pelo pensamento contrário. Assim, quem procura manter-se fiel a estes princípios e valores é isolado, com a acusação de ser fundamentalista, ou silenciado, sendo neste último caso impedido de aceder aos mais relevantes púlpitos. Ao fim e ao cabo trata-se de uma velha estratégia de luta ideológica. De resto, na impossibilidade de se eliminar os adversários (solução preferencial em regimes totalitários e sanguinários) ou de os calar num degredo longínquo, subsiste um estratagema alternativo: o rótulo da alienação. Descartes afirmou: «Penso, logo existo». Portanto, a melhor maneira de atacar o pensamento é tornar desprezível a existência da pessoa, reduzindo-a à condição de louco para que o seu pensamento não seja escutado. Por conseguinte, condenando o indivíduo à loucura, inverte-se o epigrama, apresentando-o ardilosamente na negativa: «Não existo neste mundo, logo o meu pensamento não reflecte esta realidade».

Ao contrário daquilo que é dito, a sociedade tem-se transformado perigosamente no sentido da intolerância. O Estado laico, ao invés de permitir a diversidade ideológica e a liberdade religiosa, não tem sido isento e tem tomado partido. Fê-lo, por exemplo, expurgando do exercício da medicina a ética e os valores milenares de defesa da vida, deixando ao livre arbítrio do indivíduo a decisão de matar ou deixar viver. O ataque feroz ao código deontológico da Ordem dos Médicos, e a enorme pressão que houve para alterá-lo, no âmbito da liberalização do aborto, expressou essa vontade.

Do que fica exposto podemos concluir que os tempos não correm a favor da defesa da vida. Mas a Verdade não anda ao sabor do tempo e tão-pouco é mutável em função daquilo que a maioria da sociedade pensa em determinado momento. Julgo que é justamente alimentado por este sentimento que o Infovitae tem executado ininterruptamente, desde há dez anos a esta parte, a sua nobre missão. Tem-no feito com perseverança, num esforço para sensibilizar, informar e divulgar um conjunto diverso de informação que se tem revelado imprescindível para todos aqueles que partilham estes princípios e valores.

Por detrás deste trabalho de 10 anos do Infovitae está um juramento. Um juramento fervoroso de lealdade à vida e de dedicação inabalável à defesa de todas as vítimas da monstruosidade do Homem, concretizada pela violação da sacralidade da vida humana. Estou convencido que o Infovitae através da sua mensagem continuará a combater tenazmente esta cultura de morte até que chegue o dia do triunfo: o triunfo da vida.

Pedro Afonso