sábado, 13 de julho de 2013

Vá lá a gente entender… ; uma “profecia” sobre o Papa Francisco; e o estado em que estamos… - por Nuno Serras Pereira



13. 07. 2013

1. Ele há muita gente que todos os dias ouve religiosamente programas de rádio, lê atentamente jornais diários e vê hipnotizado programas quotidianos nas televisões – grande parte dessa massa fá-lo em relação ao futebol, outra (sendo que não poucos são os mesmos) relativamente à política, uma outra ainda à economia e finanças, e talvez todos às telenovelas intermináveis ou a algumas séries televisivas. E isto durante anos a fio. Estas pessoas que expendem imensas horas semanais, mensais, anuais casmurrados nos mesmos temas desprezam e dão como doentiamente obcecado, necessitado de internamento urgente, quem de vez em quando escreve textos sobre a protecção da vida humana principalmente nos seus inícios e no seu termo, sobre a verdade do amor e da sexualidade humanos, da família, da liberdade cristã, do Magistério da Igreja. Não há pachorra! Irra que já chega! É mesmo um maçador insuportável! Uma peste!

2. Houve na longínqua Rússia um acidente de autocarro em que morreram 3 pessoas, na enigmática China ruiu um prédio degradado que deixou desabrigadas 4 famílias, em Trás-os-Montes despistou-se um automóvel tendo ficado feridos dois dos seus ocupantes, em Londres um avião teve de regressar ao aeroporto por causa de uma avaria que só se detectou no ar, há um naufrágio entre África e Lampadosa (Lampedusa) com dois mortos e dezenas de desaparecidos. Tudo isto é noticiado com emoção frenética ao longo do dia, quando não de dias, e por vezes com enviados especiais ou através de correspondentes; sendo que o locutor dá a notícia que é em seguida repetida pelo repórter no local ou o bombeiro entrevistado para novamente ser repisada pelo mesmo locutor. E pode até acontecer que o Santo Padre se desloque ao lugar para rezar pelas vítimas, pedir perdão e bradar contra a indiferença e a injustiça da cumplicidade global.

Em Portugal matam directa propositadamente, de modo violento, 50 (cinquenta) crianças por dia, sendo que no abortadouro dos arcos no centro de Lisboa a média é de 25 por dia útil. Não há reportagens, não há noticiários, não se confrontam as autoridades, não há repórter em directo no local. Três mortes na Rússia por acidente rodoviários têm “prime time”, abrem noticiários nacionais; 50 crianças nascituras assassinadas não merecem atenção,  são desprezadas.

A “profecia”: O Papa Francisco um dia rezará Missa num hospital ou diante de uma “clínica” onde se realizem abortamentos. 

3. Surge um partido político que reivindica cuidados de saúde somente para quem os possa pagar, o direito de propriedade só para quem tenha elevados rendimentos, o patrocínio, inclusive económico, da cessação de socorro aos toxicodependentes, da proibição de auxílio aos que não têm abrigo e ao desapoio do estado à educação; reivindica outrossim o regresso à escravatura, o aumento do desemprego e o desterro dos judeus. Levanta-se um grande clamor, mas com o tempo, outros partidos, primeiro timidamente, depois com descaro, começam, com a cumplicidade activa dos grandes meios de comunicação, a advogar o mesmo. O bom povo português, o povo católico, o povo que peregrina a Fátima, vota na mesma e continuadamente nesses partidos. Estes alcançam o poder e começam a fazer investidas mais concretas e desabridas, o povo continua a elegê-lo. Os Bispos dão-se tu-cá-tu-lá com os líderes, são muito manos, fazem profissões de fé na democracia e são lisonjeados pelo poder. De consciência tranquila, dizem que já se pronunciaram ao declararem os princípios da Doutrina Social da Igreja – a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a solidariedade e a subsidiariedade. A quem lhes pede maior intervenção repontam dizendo que não nos podemos fixar só em alguns assuntos e que há que manter o diálogo e as melhores relações com as instituições. E de bom grado dão a Sagrada Comunhão aos políticos católicos que advogam a escravatura, o exílio das gentes de raça judaica e todas as demais coisas acima referidas. A comunicação social da Igreja, muito pluralista, em nome do acolhimento, dá tempo de antena, convida para comentadores residentes e dá púlpito hertziano aos que promovem tudo o que foi anteriormente referido. Entretanto surgem referendos em que o sempre bom povo, povo católico e povo peregrino de Fátima dá o seu assentimento a tudo isto.

Se todas estas coisas nos parecem que nunca acontecerão, que são impossíveis, então é porque não nos enxergamos, uma vez que igualmente graves senão mesmo mais mortais do que essas já sucedem.