segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Malícia dos Políticos no Poder - por Nuno Serras Pereira

Ainda há pouco, eu que sou um sobrevivente, em virtude da fortaleza de meus pais, de uma tentativa de neticidio, escrevi sobre as avós que se têm vindo cada vez mais a transformar-se em lobos malvados.  
 
Agora, com extrema amargura, tenho de me referir aos políticos que actualmente estão no mando da nação portuguesa como extremamente suicidários. Sei que isto parecerá chocante àqueles cronistas que porventura no intuito de dar esperança procuram com afinco destacar uma ou outra medida que, pela sua raridade e positividade, se podem considerar benéficas para o país.

A maioria que está no poder tem sido dotada de uma perversidade singularmente violenta que poderá ser fraseada do seguinte modo: “aquilo a que me oponho, quando na oposição, pela sua radical desumanidade consolido-o quando o poder me é dado”. De facto, os partidos que se opuseram veementemente em 1984 à despenalização/liberalizante do aborto em determinadas circunstâncias votaram-na favoravelmente, com unanimidade, quando Durão Barroso era primeiro-ministro e tinham maioria absoluta na assembleia da república (anteriormente, aquando da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva foi-lhe proposto em Conselho Nacional revogar essa “lei” profundamente injusta e ele recusou por concordar com ela). O que então sucedeu repete-se de novo. Tendo, grande parte dos eleitores, corrido com a anterior maioria pela sua patológica mentalidade necrófila na esperança de barrar a cultura da morte e incentivar uma cultura da vida e do amor eis que os mais lúcidos percebem que voltaram a ser astuciosamente atraiçoados e impiamente enganados. Com a agravante de que declarando-se uma coisa mas na prática fazendo o seu contrário iludem uma multidão que não dando acordo do que se passa se deixa mornamente mergulhada na panela colocada ao lume que acabará por lentamente escaldá-la até à morte sem que se dê conta da sua aniquilação. É diabólico. E o que mais espanta, se é que ainda alguma coisa nos assombra, é que nesta conjura macabra estejam envolvidas pessoas que se dizem católicas e recebem a Sagrada Comunhão da mão de Bispos, Arcebispos e Cardeais.

As notícias de hoje reportam que em Portugal nunca houve tão poucos nascimentos como este ano. Se já antes, depois da Bósnia, eramos o país com a segunda mais baixa natalidade do mundo que seremos agora?

Nas palavras muito elucidativas do Presidente da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas para o ministério das finanças um filho, cada filho, equivale a nada, a zero, para o da economia equivale a um quarto e para o da segurança social equivale a meio. Este governo e maioria parlamentar que desprezam e prejudicam a família e a vida não só deixando iniquamente de garantir que é dado a cada um o que é devido mas também incentivando através do patrocínio activo da contracepção, da esterilização e do aborto estão a produzir um extermínio qualificado, genocida, do povo português.

05. 11. 2012