Com uma frequência exagerada atribui-se
ao macho humano a culpa, em virtude da coacção exercida sobre a mulher que ele engravidou,
do aborto provocado. Porém, se é verdade que não são poucos os casos em que
isso sucede não deixa de ser verdade que há outros em que é a mãe grávida que
contra a vontade expressa do pai e apesar de todo o apoio que este presta
condena friamente à morte o filho que traz nas suas entranhas, mesmo debaixo do
coração materno feito para amar e não para assassinar. A superstição actual de
considerar que somente o homem é pecador e que a mulher é imaculada é um
absurdo sem qualquer fundamento quer na Revelação quer nos factos da vida.
Os avós, desde há muito, foram
sempre vistos como como “reservatórios” de ternura e de carinho que com a prudência
e sabedoria adquiridas ao longo dos anos moderavam os excessos disciplinares
dos pais, constituindo muitas vezes como que um tribunal de amor ao qual se
recorria com a certeza de este moderar a severidade noviça dos pais ainda
jovens. No entanto, com o derrancar dos costumes e a corrupção dos tempos tudo
isto se perverteu. E o que agora infelizmente se verifica é que se tornou
corriqueiro que as avós exercem uma coacção tremenda para que suas filhas
homicidiem seus netos nascituros. Acompanham-nas aos abortadouro, invectivam ferozmente
quem lhes oferece auxílio e alternativas, e pressionam-nas contra suas vontades
a entregarem-se às tenazes e bisturis esquartejadoras de seus netos.
Existirá porventura prova mais
eloquente da profundíssima selvajaria facinorosa e atroz daquilo que Portugal
padece?
05. 11. 2012