Por Joaquim Mexia Alves
Ó que tempo de amor silencioso!
Ó que tempo de paz e tranquilidade!
Ó que tempo de tão humilde serenidade!
Ó que tempo de um esperar tão ditoso!
Repousa agora o Senhor,
E a vida deita-se com Ele!
Tudo se faz silêncio
Pois o Senhor de todas as coisas
Repousa o sono dos justos.
No Céu prepara-se a festa
Que se há-de derramar na terra
Como promessa cumprida
Da esperança já esperada!
Tudo está em silêncio!
Mas não é silêncio de morte,
É um silêncio de vida,
Porque a morte nada pode,
Contra o Senhor da vida.
A Semente desceu à terra,
Morre agora para dar vida.
Sente-se que a esperança cresce,
Toda no amor envolvida.
A terra abriu os braços
Àquele que é o seu Senhor,
Toda ela se faz prenhe
Da vida e do amor.
Agora já nada podem
Aqueles que O querem matar
Porque ao darem morte à Vida,
Fizeram-na renascer,
Agora para não morrer.
Rasguem-se as vestes,
Abram-se os corações,
Choremos as lágrimas todas,
Que os olhos possam conter!
Porque num instante,
Numa eternidade,
A vida irá romper!
Gloriosa, vitoriosa, deslumbrante,
Já nada haverá a temer.
Repousemos também com Ele,
N’Ele deixemo-nos morrer,
Porque no terceiro dia,
O mundo se espantará,
Com a glória do Senhor!
E então quem n’Ele estiver,
Quem n’Ele permanecer,
Será vida para sempre,
No gozo eterno de Deus,
Que por amor aos homens,
Se deixou assim morrer.
Repara na brisa suave
Que passa por toda a terra,
Agita as plantas e árvores,
Passa nos vales e nos montes,
Mergulha nos rios e mares,
Toca todos os animais,
Do ar, da terra e do mar,
E vem direita ao coração
Do homem que quer amar.
Faz-se silêncio na terra,
Tudo se prostra e recolhe.
Já quer explodir a alegria
Que no peito incontida,
Quer gritar ao mundo todo:
«Eu sou a Ressurreição e a Vida»!
Monte Real, 2 de Abril de 2010