por João Ribeiro Lima
Neste momento, quando um dos maiores ataques à Igreja Católica é perpetrado pelos mais variados sectores da sociedade, em vários Países e com altíssimo destaque na imprensa, importa esclarecer alguns pontos no meio de tanta contra-informação.
Poderão perguntar-se o porquê do título deste texto, é simples, e explico-me adoptando uma abordagem Socrática, do filósofo. Porque será que têm vindo a público todos os pormenores sobre casos de abuso de menores na Igreja Católica? Será que são as autoridades civis a divulgar? A polícia? Os juízes? A maçonaria? As organizações de homossexuais? A resposta a todas estas perguntas é não, não e não! Quem tem feito o trabalho de divulgar todos os crimes cometidos por sacerdotes tem sido a própria Igreja por vontade da actual hierarquia, obviamente seguindo ordens do Papa Bento XVI. Será que a Igreja enlouqueceu, tornar público aquilo que servirá como arma de arremesso para outros a atacarem, talvez até os acima referidos? Sem a vontade da Igreja de procurar a verdade, custe o que custar, seria impossível saber-se a verdadeira dimensão do problema. A realidade é evidente, assim que se soube dos primeiros escândalos nos EUA e agora mais recentemente na Europa o Papa actuou com uma clareza e determinação impressionantes.
Importa referir que inclusive as noticias que saíram nos EUA, mais concretamente no New York Times, foram fomentadas por um Bispo que gastou dinheiro da sua diocese para calar um ex-amante homossexual e um advogado que tem sido um dos mais beneficiados financeiramente com estes escândalos. Por fim, a jornalista que o publicou foi a que algum tempo depois de ser ter descoberto os actos menos “claros” do Bispo mencionado, publicou um artigo desculpando-o. Enfim, tudo explicado.
Aqui também entra a comum falta de seriedade com que uma grande parte dos media têm encarado este problema. Não estudam, não se informam, convidam bispos polémicos e “encostados” para comentar e fazem análises intelectualmente desonestas do problema do abuso de menores. Centralizam-no na Igreja, sem se aperceberem do problema na sociedade em geral e sem procurarem estudar as suas causas em profundidade. Nos EUA, os números finais do escândalo do abuso de menores apontam que apenas 2% dos sacerdotes católicos estavam envolvidos, é óbvio que bastaria apenas 1 acto para nos preocuparmos. Mas a questão não é de facto esta, isto será apenas o ruído, o milho para os pardais, que por variados interesses nos tenta impedir de ir ao cerne do problema; porque é que a pedofilia é um problema transversal, crescente, nas nossas sociedades modernas, de gente instruída, educada?
Ainda recentemente em Portugal, um estudo sério usando dados actuais da sociedade portuguesa, constituindo uma tese de doutoramento, revelou que a maioria dos casos ocorrem no seio das famílias, dados coincidentes com a maioria dos restantes países onde este problema foi estudado.
Dado o cenário, quase que diria aterrador, as perguntas sucedem-se: que tipo de sociedade estamos a criar? Que monstros são estes, que nos fazem sentir que já não há segurança possível para os nossos filhos? Responde-vos o Papa Bento XVI, falando aos Bispos Americanos sobre esta problemática, quando da sua ultima visita no ano de 2008:
“As crianças merecem crescer com uma compreensão sadia da sexualidade e do seu lugar apropriado no âmbito dos relacionamentos humanos. Dever-lhes-iam ser poupadas as manifestações degradantes e a manipulação vulgar da sexualidade, hoje em dia tão predominante. Elas têm o direito de ser educadas para os autênticos valores morais, radicados na dignidade da pessoa humana. Isto leva-nos novamente à nossa consideração a respeito da centralidade da família e da necessidade de promover o Evangelho da Vida. Que significa falar de protecção infantil, quando a pornografia e a violência podem ser vistas em tantos lares através dos meios de comunicação, amplamente disponíveis nos nossos dias? Precisamos de reconsiderar urgentemente os valores subjacentes à sociedade, a fim de que seja possível oferecer uma formação moral sadia aos jovens e igualmente aos adultos.”
A Igreja é feita de Homens que na sua larga maioria a servem incondicionalmente, sendo fiéis à sua doutrina, e por outros, uma ínfima minoria que se aproveita dela, da sua bondade e ingenuidade para os actos mais hediondos, mas entre isto e acusar o Santo Padre de responsabilidade no encobrimento de tamanhas barbaridades vai um acto de pura hipocrisia e cobardia.