O jornal Público on-line trompejava, no dia 10 do corrente, uma notícia vinda do Chile, ilustrada com o respectivo vídeo, que descrevia “um cão que tentou salvar um outro cão que tinha sido atropelado numa movimentada auto-estrada”. As novas do sucesso, ao que parece, percorreram os meios de comunicação social do mundo inteiro emprestando um novo ânimo aos movimentos que reivindicam os “direitos” dos animais. O filme mostra um cão esmagado na auto-via e um rafeiro escanzelado que se aproxima e o abocanha puxando-o para a berma. O Público conclui: “O cão que foi atropelado acabou por morrer e o cão que o tentou salvar fugiu assim que os funcionários da concessionária da auto-estrada chegaram ao local.” Como alguém dizia, ficamos sem saber se o animal esmagriçado fez por salvar o outro se por matar a fome… Mas fiquemos em que foi de facto um acto de resgate e louvemos a Deus por nos ensinar através de criaturas irracionais o modo adequado de proceder para com todo aquele que se encontra em necessidade e que nós podemos ajudar.
O que não deixa de ser estranho é que a salvação de pessoas humanas por outras da mesma espécie não mereça a mesma atenção e elogio dos poderosos comunicadores sociais. Já estamos habituados a propósito da salvação de golfinhos, focas, cegonhas e linces que pulula em noticiários e longos documentários. De tal modo é assim que muitos norte-americanos dizem com uma ironia amarga “queres ser um herói, salva uma baleia; salva um bebé e vais para a cadeia” .
De facto, nos EUA, uma multidão de pró vidas tem sido presa somente por pacificamente oferecer alternativas às mães grávidas que querem matar seus filhos. É espantoso como a comunicação social introduziu nas mentes das pessoas que os movimentos pró vida eram violentos e que os abortófilos eram mansos, quando o que sucede é exactamente o contrário. Não há, inversamente ao que é noticiado, uma única organização pró vida implicada na colocação de bombas em “clínicas” de aborto ou em ameaças e agressões aos carrascos que os praticam ou àqueles os advogam. As pessoas culpadas desses crimes, aliás em número reduzido, eram mentes desequilibradas que agiram por iniciativa própria. Pelo contrário, os crimes e as violências praticados pelos abortófilos, sem contar com a ferocidade extrema do abortamento, apesar de inumeráveis, são sistematicamente ocultados pelo grande poder comunicacional. Neste sítio poderá verificar o que aqui mesmo deixo dito: http://www.abortionviolence.com/ .
Importará também saber que nesse país já foram para a enxovia 70. 000 (setenta mil) pró vidas por tentativa de salvação dos bebés nascituros. Alguns desses milhares são sacerdotes católicos. Se salvassem cães seriam glorificados, assim são aprisionados.
Nuno Serras Pereira
15. 12. 2008