Chegou-me ao conhecimento de que um programa de televisão que se considera a si mesmo humorista emitiu no Domingo passado uma paródia à idolatria promovida sistematicamente pelo governo Sócrates, concretamente, ao tão propalado computador Magalhães. Mas fê-lo ridicularizando aquilo que há de mais sagrado para os católicos, a saber, a Eucaristia e a Palavra de Deus: o computador fazia de sacrário, um actor vestido de batina lia uma Bíblia trocando as palavras do texto sagrado e terminava distribuindo na boca dos “fiéis” CD-ROMS como se tratara da Sagrada Comunhão.
Não se poderá negar que para muitos espíritos as novas tecnologias informáticas constituem uma nova religião idolátrica dotada de novos cultos e ritos e que o primeiro-ministro com a sua fervorosa propaganda se apresenta como um novo messias salvador da pátria. Neste sentido poder-se-ia entender o referido programa, apesar das emburrecidas irreverências, como um alerta para o perigo da subversão da verdadeira religião.
Não obstante, o facto de os protagonistas não serem católicos praticantes aliado ao ar ridículo do suposto sacerdote e à leviandade de toda a apresentação poderão significar um desprezo sacrílego de Deus presente na Eucaristia e na Sua Palavra. Ou poderá ter-se tratado, também, de uma prova para testar a reacção ou a ausência dela da parte dos católicos para depois avançar para troças mais directas, isto é, não já como pretexto mas como fim.
Seja como for quem pretende ser humorista deve ter a consciência de que o cómico não é a realidade última a que tudo o demais estaria submetido e que por isso deve limitar-se respeitando o Sagrado ou se quisermos rejeitando ofender a dignidade humana daqueles que têm determinadas realidades por Sobrenaturais. O Sagrado não deve ser instrumentalizado.
Os católicos são cidadãos de pleno direito que podem e devem exprimir a sua opinião defendendo com vigor aquilo em que acreditam. Neste caso poderão fazê-lo para a Entidade Reguladora para a comunicação social ou para os patrocinadores publicitários do programa, advertindo-os da disposição em boicotar a compra dos seus produtos ou serviços, caso persistam em financiar o programa.
Garantiram-me que a Rádio Renascença faz publicidade ao dito programa. Desta rádio podem dizer-me tudo e muito mais que já nada me espanta. Se for verdade poderão também comunicar-lhes a vossa opinião e também para os proprietários dessa estação emissora.
Uma pergunta final. Seriam capazes de fazer algo de semelhante o Alcorão ou com Maomé?
Nuno Serras Pereira
22. 10. 2008