É casada e mãe de oito filhos. A par de uma alegria transbordante é de uma vivacidade combativa singular. De raiz alentejana vive no norte onde, apesar da escassez de meios, desenvolve um trabalho notável de apoio às grávidas em dificuldade. É co-fundadora das Mulheres em Acção e foi seu principal motor por muito tempo. Irrequieta e imprevista como as fortes rajadas de vento, pode fazer alguns estragos, mas o que mais sobressai é o dinamismo empreendedor do Espírito Santo. Aquela impetuosidade natural está carregada, ou melhor, insuflada de ardor Espiritual. As suas conversas passam facilmente da prática amena e informal à troca de informações, ao relato e análise de factos e desta à exortação, à pregação fervorosa, ao anúncio Kerigmático ou Catequético. Ora pergunta curiosa ora ensina fervorosa. Sabendo-se indigente confessa-se amiúde para receber as riquezas da Graça Divina. Como uma Joana d’ Arco, revestida da Eucaristia diária, empunha o terço do rosário e avança destemida e guerreira contra as milícias da morte. Arrisca, aventura-se, confia na Providência, como outrora Santa Teresa de Ávila.
Profundamente angustiada com a matança das crianças nascituras e com a desventura das mães que as conduzem ao açougue organizou um congresso, em Novembro passado, sobre o impacto do aborto na saúde da mulher. Apesar de não ter os meios financeiros necessários não duvidou em avançar dada a urgência de informar a população portuguesa dos graves perigos que o aborto implica para a mulher que o provoca.
Esfalfou-se e esbodegou-se em correrias incessantes, trabalhos multiplicados, contactos infindos, organizações meticulosas. Gastou tempo, roubou-se à família, despendeu dinheiro, andou num rodopio. Conseguiu trazer a Lisboa os melhores especialistas mundiais no assunto. O Congresso foi um sucesso. Está todo filmado e gravado. Mas não é possível espalhá-lo em DVD’s porque não há meios para pagar à produtora contratada.
Realizou um jantar com os conferencistas e um grupo de pessoas tidas como qualificadas e de muitos haveres, num conhecido hotel da capital. Mais tarde houve contactos pedindo ajuda económica para pagar as custas do Congresso. Apesar das insignificâncias, para aquelas bolsas, as dádivas foram avaras. Ainda deve vinte mil euros e tem vergonha, como outrora S. João de Deus, de encarar os seus credores. Mas o que a preocupa mais é a indiferença geral, de quem pode, por todas as vítimas desta pestilência mortífera liberalizada em Portugal; é o não poder dar a conhecer pela distribuição de DVD’s os perigos em que as mães grávidas incorrem ao condenarem à morte seus filhos. Resta-lhe a consolação de que observadores de dois países europeus entusiasmados por aquilo que aqui aprenderam estarem a organizar eventos semelhantes nos seus países.
Chama-se Alexandra Teté esta católica endividada por amor de Deus.
Nuno Serras Pereira
27 de Julho de 2008